A desconexão do Congresso brasileiro com a sociedade é espantosa.
Aguarda veto do presidente da República a nova lei de licenciamento ambiental aprovada esta semana na Câmara dos Deputados (já tinha passado pelo Senado).
Na Câmara e no Senado a bancada tocantinense não piscou o olho: a unanimidade de deputados e senadores votou pela liberação do licenciamento ambiental.
Os oito deputados federais representariam 357 mil eleitores que somados aos 857 mil que votaram nos três senadores, ter-se-ia 1,2 milhão de pessoas no Estado querendo mais desmatamento.
Obviamente distorção do voto porque não serão beneficiados os 1,5 milhão de pessoas.
E sim os cerca de 82 mil produtores rurais do Estado que pagaram de imposto de janeiro a junho apenas R$ 760 mil e exportaram R$ 8,842 bilhões (na cotação do dólar neste domingo) .
Sancionado ou promulgado, o estrupício cria a licença ambiental por adesão (auto-licenciamento), os prefeitos podem autorizá-los para propriedades de pequeno e médio portes sem o Ibama. E projetos de pequeno porte na pecuária serão isentados e outros.
Não é necessário muito esforço para deduzir interesses e interessados. No exato momento em que no Estado o agronegócio empunha armas contra um programa ambiental (REED+).
E o governo celebra – com toda razão – a redução do desmatamento pelo segundo ano consecutivo.
O MapBiomas mostra uma redução no desmatamento no Tocantins entre os anos de 2023 e 2024.
Em 2023 (dados do DETER), foram identificados cerca de 230 mil hectares desmatados e em 2024 esse número caiu para 153 mil hectares. Uma redução de 33,6% no período.
Um avanço sustentado: em 2023, apenas 36% do total desmatado no Tocantins foi classificado como ilegal. Em 2024, esse percentual caiu para 25,6%, revelando não apenas uma redução na área total desmatada.
Só para se ter uma idéia, o Estado tem 27 milhões de hectares.
Destes, apenas 2 milhões de hectares estão ocupados com lavouras.
Há poucas dúvidas sobre o resultado do liberou geral de deputados e senadores.
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