A dúvida do ministro Luis Roberto Barroso (STF) – no domingo na Globo News/CNN – de que não sabe se continua no Supremo e que iria fazer no próximo mês um retiro espiritual para dirimir a dúvida, não elimina as incertezas de Wanderlei Barbosa e Laurez Moreira. Antes, as aumenta.
Respeitadas suas escolhas, inquietudes e dramas pessoais, Barroso (que é amigo do advogado de Wanderlei e presidente do Republicanos, partido do governador afastado) sinaliza que é uma alma circunstancialmente confusa.
Teria, portanto, potência para qualquer decisão. O retiro em outubro, visto sob esta perspectiva, não só assumiria a condição de período sabático, contemplativo ou metafísico.
Mas teria uso também para esquecimento ou sublimação de decisões predecessoras, até mesmo supostamente elaboradoras de fatos consumados.
É sobre ele que pesaria, no exato momento, o poder de decisão sobre aquele que governará um Estado de 1,5 milhão de pessoas e um milhão de eleitores. Cerca de 540 mil deles na pobreza absoluta.
Se conceder o HC a Wanderlei, retorna ao Palácio um grupo defenestrado pelas acusações conhecidas. Se denegar, outro grupo é mantido no comando dos R$ 20 bilhões anuais do orçamento.
Diante do quadro, o razoável e racional seria Barroso despachar o HC para submissão do colegiado da Segunda Turma, a decidir monocraticamente sob tamanha confusão pessoal e intransferível: deixar o STF ou continuar na Corte.
E uma decisão dessas necessitasse de um retiro espiritual onde pode acontecer tudo, inclusive nada.
Uma química de representações e sentimentos explosiva que poderia extravasar à inexatidão do juízo.
PS: o Palácio do Planalto já se movimenta para escolher o novo ministro para lugar de Barroso no STF.
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