Nos últimos dias um pequeno problema de saúde tem-me feito reduzir a atividade no blog. Não costumo ler o que escreve os demais jornalistas. Nada pessoal. Mas para não me influenciar na avaliação do objeto. Para ser mais assertivo, retiro o sujeito.
É uma situação não muito fácil até por conhecer quase todos os políticos por estar no Estado e na Capital desde seu início. E, claro, nasci e me criei em Porto Nacional (só estudei em Goiânia) tendo meus ancestrais assumido papéis importantes na luta de divisão do Estado e no jornalismo regional.
Ou seja, não sou um chegante. Não estou aqui por oportunidade e sim por destino. Atrás de mim, há histórias regionais.
Digo isto a pretexto de vinculações e desvios (até éticos) praticados sobre texto que escrevi ontem. E que tem pontuado as redes sociais. Intuo que o autor deve estar muito satisfeito com a obra que obrou.
Primeiro dou as boas vindas ao jornalismo de ocasião por descobrir a relevância do desempenho fiscal na administração pública. Depois de quase três décadas.
E, em segundo, uma sugestão: contabilidade pública necessita de leitura e cognição para entendê-la e traduzi-la à população.
O meu avô, jornalista e contador da prefeitura de Porto Nacional (nas décadas de 50 e 60), dedicava-se ao primeiro jornal da região (O Norte de Goiás), ao Ecos do Tocantins e ao A Tarde, com Catão Maranhão sempre o dizia.
Enquanto organizava as contas contábeis de prefeitos como Aquiles Maia, Hosterno Pereira e João Querido. Hoje para escrever sobre a questão fiscal é preciso uma imersão primeiro na Lei de Responsabilidade Fiscal e depois não só onde encontrar os números, mas entendê-los para compreendê-los e repassá-los.
E aí o problema: não há como manipular números fiscais para atender uma régua política circunstancial.
Artigo que postei ontem gerou reações diversas. Uma delas atribui, de forma leviana, sua conexão com a vontade política palaciana.
A surpresa é que os números este blog os apontou antes mesmo do encerramento do exercício financeiro e orçamentário de 2024.
Aliás, em junho de 2024, como o leitor é testemunha, o blog já antecipava o excesso de gastos do governo e a possibilidade dele cair para a letra C na Capag.
Foi aqui (e não em outro lugar) em dezembro de 2024 que o leitor ficou sabendo, por antecipação, que se o governo não comercializasse a folha de salários de R$ 255 milhões, teria fechado o ano no negativo. Ainda, como informou este blog
Foi aqui, também, que o leitor leu no início de fevereiro que o governo torrou as disponibilidade de caixa. E fechou no negativo em R$ 9 milhões.
Foi aqui também que o leitor leu em fevereiro que, ao contrário do que dizia a propaganda do governo de que o Estado teria melhorado em 2024, com o tal B+ divulgado não era verdadeira.
E que na verdade, o Estado teria piorado e que o + o B era, no novo critério da STN, apenas sinal da qualidade da informação e não dos números.
Estes números aí não tinham qualquer importância para alguns há menos de 20 dias. Talvez não fosse a ocasião. Ou os desconhecesse. Ou a fruição dos dois casos nem tão fortuitos.
Mas no dia 14 de fevereiro de 2024 este blog escrevia isto aqui:
O Estado tinha no ano passado A (endividamento), A (liquidez) e B (poupança corrente). Hoje tem A (endividamento), B (Liquidez) e B (poupança corrente). Números públicos.
É ainda melhor do que o A, B e C (que o colocava na letra C) que recebeu de Mauro Carlesse (Capag 2021). Mas levou um tranco e por pouco não voltou no ano passado a 2021.
Favoreceu a isto a queima de disponibilidades. O Estado fechou 2021 com disponibilidades de caixa (recursos não vinculados) de R$ 432 milhões positivos que manteve por dois anos.
Fechou 2024, entretanto, com R$ 9,2 milhões negativos. Apesar do crescimento espetacular das receitas e da economia regional. Dados do seu próprio balanço.
A curva da despesa de pessoal não ficou atrás. Em 2021, o governo fechou com 48,85%, reduziu para 39,35% em 2022 (com Wanderlei) aumentou para 44,87% (2023) e fechou o ano passado com 46,32%.
Tem outros méritos, claro. Reduziu a dívida consolidada e o passivo com o Igeprev e os funcionários.
Mas isto não o credencia a fazer uso do total que aplicou em três anos para situar avanços atuais, como é o caso dos investimentos.
Em três anos (e não agora), o governo fez previsão de investir R$ 6,1 bilhões e só empenhou no período R$ 4,1 bilhões. O número celebrado hoje pelo grupo gestor.
Ou seja, aplicou apenas 67% do que programou na lei orçamentária no triênio.
Período em que as receitas cresceram 22,7%
É preciso para isto saber ler os balanços do governo e da Secretaria da Fazenda. Entender os sistemas do Siafen e do Siapen e acompanhar a execução orçamentária diariamente. Não só do governo, mas na CGU.
O blog não trata números fiscais como jornalismo de ocasião. É tarefa a que me debruço há quase três décadas com retaliações em praticamente todos os governos. E ainda não consegui pensar em adquirir uma casa em condomínio de luxo.
Compreendo que é difícil para quem tem preguiça e espera manter seu padrão de vida reduzindo a qualidade do que mostra ao leitor.
Muito bem explícita na falta de leitura até dos números publicados por este blog (buscados nos balanços nos diários oficiais e Secretaria do Tesouro Nacional, públicos) demonstrando não ter compromisso nem mesmo com o que se escreve.