A decisão da jornalista Roberta Tum (PCdo/B) de retirar sua candidatura a prefeita de Palmas e a aliança firmada publicamente entre os diretórios metropolitanos do PCdoB, PV e PT pode levar dificuldades às lideranças regionais das legendas. Não só em 2024, mas especialmente em 2026. Com a renovação ou não da Federação naquele ano.

O pacto pelos princípios partidários formulou uma espécie não só de muro de contenção, mas de guerra territorial, uma reserva ética partidária no Estado. Um revisionismo na prática partidária sob o ponto de vista ideológico. Com a consequente avaliação de ganhos e perdas. Não só partidária, mas para a população.

E aí o ganho político formidável. Um fiat luz de que haveria, sim, um movimento mais próximo da realidade neste estado de coisas que contraria e contrasta com a propaganda de felicidade conservadora sempre justificada com o pibão de R$ 64 bilhões (previsão de 2024).

É do filósofo italiano Antônio Gramsci (em Cadernos do Cárcere), com efeito, a percepção de que “o homem é o que come na medida em que a alimentação é uma das expressões das relações sociais em conjunto”. Não se comprovaram, até agora, outras formulações que a desmereçam.

O mesmo Antônio Gramsci (Escritos Pré-Carcerários) pontuava que o Partido Comunista é o instrumento e a forma histórica do processo de libertação interior (...) em que o operário (trabalhador) deixa de ser braço para se converter em cérebro e vontade.

Não é preciso ser comunista (seja do PCB ou PCdoB) para ter discernimento sobre a relação capital x trabalho.  E da necessidade do Estado para justamente fazer a intermediação.

Justamente para isto se elege governadores, senadores, deputados e vereadores. O PCdoB e o PT avançaram na prática e deixou o stalinismo-leninismo proletário e de estado máximo.

Não imagino, entretanto, o ex-deputado Zé Roberto ou o deputado Ivory Lira (mesmo declarando zero de patrimônio em 2022), nem a deputada Cláudia Lélis estudando ou praticando Gramsci.

Incluo o PV por sua criação com Fernando Gabeira (que participou do sequestro do embaixador do EUA em troca do exilio de militantes na ditadura militar), Alfredo Sirkis, Lucélia Santos, Carlos Minc e que teve uma senadora, Marina Silva, ainda hoje símbolo da preservação do meio ambiente. Só que em outro partido.

E não de sua exploração capitalista. Um PV diferente desse dos Lélis ou de José Luiz Penna (presidente), apesar da presuntiva boa intenção. Um dos defensores do pragmatismo no meio ambiente.

Temos exemplos indiscutíveis no passivo ambiental da UHE Luis Eduardo "tolerado" pelo PV regional e nacional. E da presente exploração desenfreada dos recursos naturais.

Me diga aí quando o PV regional se posicionou acerca das dezenas de PCHs (energia poluidora) que detonam os pequenos rios do Estado!! E os esgotos da BRK nos rios!!!

Ocupam-se dos bilhões da venda de ativos do sequestro de carbono, enquanto o cerrado é destruído pela soja.

Cito Gramsci porque sua filosofia fundamentou a criação do PT no país. Num campo ideológico em que já atuava o PCdoB. Ambos oriundos do marxismo-leninismo. E onde também bebeu o PV, como é nítido no grupo que o criou.

 Avançaram PT e PCdoB para território mais pragmático, mas conservam, entretanto, raízes sólidas e princípios ideológicos. Diferente, como é notório, do PV que não teria, em tese, essa preciosidade. Não se pode negociar o clima. As tragédias não são combatidas com solipsismos.

Vejo, por outro lado, no Legislativo estadual (e nas Câmaras de Vereadores) a criação de Frentes do Agronegócio, Frentes Parlamentares da Agroindústria, Frentes dos Evangélicos, Bancadas da Bala e que tais.

E esta semana a cantora Anita teria perdido 200 mil seguidores por um clipe em que faz homenagens ao candomblé.

Nada diferente do Estado onde uma das pré-candidatas na Capital, a jornalista Roberta Tum (PCdoB), não estaria protegida do preconceito “tão livre quanto prisioneiro” das redes sociais pelo culto a religião de matriz africana.

E que elege pastores deputados que, eleitos, se tornam deputados pastores contra LGBTs e outras religiões, um retrocesso civilizatório.

Tudo isto aí diante da indiferença dos movimentos sócias, universitários, secundaristas e acadêmicos.

A nossa realidade: os 8 deputados federais e 24 deputados estaduais eleitos em 2022 declararam patrimônio de R$ 76 milhões.

Uma média de R$ 2,3 milhões de patrimônio para cada um dos 32 deputados. Cito deputados porque eles representam a  população por isto são proporcionais Os senadores, o Estado, majoritários.

E qual é a população? No Estado (Ministério do Desenvolvimento Social/FEV/2024) há 933 mil e 503 pessoas (dezembro/2023) no Cadastro Único de benefícios sociais do governo federal. E 480 mil e 610 pessoas estão no Bolsa Família (fev/2024). Ou seja, 62% da população dependeria de benefícios sociais do governo federal.

Em dez anos (2013 a 2023) o número de pessoas com baixa ou nenhuma renda, pelo mesmo Ministério, cresceu 238,2%.

Um incremento no CadÚnico de mais 658 mil pessoas aos 275 mil e 974 pessoas registradas em dezembro de 2013.

Resumindo os números: enquanto a população crescia 2,2% na década, o PIB per capita (divisão das riquezas produzidas em um ano/população) observava um crescimento de 111,3%.

E as pessoas necessitadas de benefícios sociais aumentava, no mesmo período, aqueles 238,2%.

Evidente que, por lógica, quem ganha menos, deveria defender aqueles que ganham menos. E o que tem maior rendimento, os mais ricos. No Estado só a segunda  máxima é notada até aqui.

Pode mudar.

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