A construção, por aliados do Palácio, da candidatura de Amélio Cayres III, o Grande, ao governo, se não conversada com a senadora Dorinha Seabra (UB) pode ser o erro político-estratégico mais imponente do governador Wanderlei Barbosa.
Dorinha fazia, em 2022, campanha com o senador Eduardo Gomes e Ronaldo Dimas. Wanderlei se escorava, politicamente, em Kátia e Irajá Abreu.
Com direito a discursos na chácara da parlamentar defendendo a sua reeleição. Era, então, a “minha” senadora.
Não tinha liga com o afastado Mauro Carlesse nem com o grupo siqueirista e o MDB vinha da segunda cassação de Marcelo.
Dorinha deixou o grupo de Eduardo e Ronaldo Dimas após entendimentos com o próprio Eduardo Gomes. Um dos intermediadores e interlocutores teria sido o atual secretário de Agricultura, Jaime Café, que se deslocou a BSB para a conversa.
O grupo de Dimas estava dividido quanto ao Senador. Tinha Kátia Abreu, Carlos Amastha e Ataídes Oliveira. Refratários a Wanderlei.
Mas Dorinha não foi a Wanderlei de mãos abanando. Era uma deputada federal de vários mandatos e saída da relatoria de um projeto nacional, o novo Fundeb.
Elegeu em 2024 um total de 37 prefeitos (29% da base governista de 124 prefeitos). Um pouco menos que os 56 eleitos pelo Republicanos (45% da base).
O União Brasil bancou ainda 76% das despesas de campanha de Wanderlei. O Republicanos entrou com apenas 16% dos R$ 6,5 milhões dos custos. Dorinha mandou para a campanha R$ 5 milhões. O Republicanos apenas R$ 1,1 milhão.
Significa que o UB acreditou mais em Wanderlei do que o Republicanos. Em 2022, o UB teve (em nível nacional) R$ 782 milhões de fundo eleitoral. Mandou para o Tocantins 0,6% disso. Já o Republicanos ficou com R$ 242 milhões (somente 0,4% para a campanha de Wanderlei).
Para 2026 (a bancada para o fundo é a eleita em 22), o UB terá, a piori, 536 milhões e o Republicanos R$ 343 milhões. Wanderlei pode ser compensado com aliança com Eduardo Gomes já que o PL terá, em tese, R$ 856 milhões contra os R$ 288 milhões de 2022.
Daí se pode concluir que escolhendo um candidato do próprio partido há a possibilidade de soma negativa ao seu grupo.