A República brasileira completa nesta segunda 132 anos de sua proclamação. Na verdade, um golpe militar na Monarquia. Os militares, com efeito, estão no tenentismo na tentativa de golpe de 22 (os 18 do Forte), na revolta paulista e gaúcha de 24, na Coluna Prestes (25 a 27) e nos golpes de 30, 37 (Getúlio) e de 64.
Como a lembrar os tocantinenses, a Praça dos Girassóis sedia dois monumentos conectados diretamente com essa história: o 18 do Forte e o Memorial Prestes. Ainda que ideologicamente opostos, ambos convergentes no totalitarismo e na indiscutível falta de conexão com a história do Estado. Os dois bancados com recursos públicos e sem consulta popular.
“Não há qualquer justificativa para esses dois monumentos instalados pelo governo na principal praça do Estado”, pontuou o cientista político Wolfgang Teske no Programa Coisa Nossa (TV Norte/SBT) exibido no sábado, 13 (que você pode ver aqui https://www.youtube.com/watch?v=dOt-ht7ZqPU)
Para o professor, os monumentos derivam de uma questão meramente política, uma narrativa discursiva, porque o Tocantins sofreu com a Coluna Prestes. “Trouxe certa forma prejuízo para a população”.
Para ele, o monumento 18 do Forte também “não tem nada a ver com o tenentismo a não ser o nome Siqueira Campos porque talvez o ex-governador Siqueira Campos tente passar uma imagem simbolicamente de que o tenente Siqueira Campos é ele”.
Teske trata como fake-news oficial documento exposto no Memorial citando o ex-governador Siqueira Campos como parente do tenente Siqueira Campos (do 18 do Forte). “Uma coisa forjada, não há nada que comprove. uma mentira oficial”. Ele também critica a foice e o martelo do memorial (projeto de Oscar Niemeyer) de forma estilizada muito evidenciada (foice imagem da entrada e o martelo que vem por cima).
“Isto não tem nada a ver com a política do Tocantins, o povo nem pregunta, não questiona o que faz um monumento deste na principal praça do Tocantins.
Da mesma forma – avalia o professor - que não se questiona o nome de Teotônio Segurado na principal avenida do Estado. “Um homem que pediu autorização oficial para exterminar grupos indígenas (Acroá), porque atrapalhavam a circulação, os interesses comerciais de Teotônio Segurado. Simplesmente se aceita". Teotônio criou a Companhia de Comércio que exportava produtos agropecuários e toneladas de ouro da região Norte para Portugal.
“Isto é um discurso uma narrativa discursiva montada. A luta separatista vem de muitos anos antes. Em 30 havia uma lei pronta para ser aprovada e criaria o território do Tocantins”, disse Teske.
A avaliação do professor é corroborada pelo ex-deputado (e suplente de senador) Totó Cavalcante, que fez greve de fome para a criação do Tocantins. “Essa é a verdadeira história, se Teotônio foi contra a independência do Brasil, o que ele fez pelo Tocantins lá na independência, depois veio a proclamação da República, os Estados federados, começou politicamente o Brasil, o que que é isto? Isto é uma vergonha!”.
E completa: "como é que pode perdurar por tanto tempo uma mentira dessas, como vou ensinar a meus netos uma história do Estado mentirosa dessa”. Totó explica que, antes de Siqueira entrar no processo, se criou uma comissão de divisão territorial, estudos de viabilidade, o ex-governador goiano Henrique Santillo criou inclusive um escritório de representação do futuro Estado do Tocantins (ocupado por José Thomaz, irmão do ex´prefeito de Porto, Euvaldo Thomaz).;.
Totó realça também a informação de Teske quanto ao Território do Tocantins. Segundo ele, Lysias Rodrigues apresentou o decreto em Pedro Afonso, na primeira metade do século XX, documento que seria assinado por Getúlio Vargas, criando o Território do Tocantins. Não foi criado, conforme Totó, porque Getúlio suicidou-se antes. “É uma história nossa, nascida de base nossa”.
Conclusão óbvia: 132 anos após a Proclamação da República, o Estado do Tocantins continua dependente de narrativas elaboradas em desfavor de sua história real.