A discussão é pertinente. A jornalista Roberta Tum (pré-candidata a prefeita pelo PC do B) pontuou ontem (T1 Notícias. aqui https://www.t1noticias.com.br/blog-da-tum/o-desafio-da-esquerda-em-palmas-eleger-vereadores-e-discutir-a-cidade-que-queremos/129566/) sobre artigo deste blog (de domingo, aqui https://www.luizarmandocosta.com.br/noticia/pragmatismo-versus-principismo-discussao-que-ha-muito-falta-a-esculhambada-politica-partidaria-do-estado-com-reflexos-diretos-na-pobreza-da-populacao-que-faz-os-novos-ricos-das-urnas/44752) acerca das variações político-partidárias da denominada esquerda na Capital e Estado. Candidatos subindo em palanques adversários em detrimento dos candidatos de seus próprios partidos ou federações.

Numa síntese aproximada da tese, deputados como Ivory Lira (PCdoB, que em 2018 eleito pelo PPL), Cláudia Lélis (PV) e o presidente regional do PT , Zé Roberto (candidato a deputado federal) foram para a campanha de Wanderlei Barbosa (contra a chapa da Federação PV/PT e PCdoB de Paulo Mourão) no ano passado porque os tais já teriam relação “pessoal” com o então candidato do Republicanos antes da campanha de 2022.

Tinham, claro,  também, a possibilidade de mudar de legenda, para uma mais próxima, do ponto de vista principial partidário, do Governador. Tem a janela partidária. Etica e moralmente perfeito.  Mas permaneceram nos seus partidos e em palanque diverso. Desnecessário realçar a questão financeira, o dinheiro do fundo eleitoral e partidário aplicado numa candidatura adversária. E, evidentemente, a propaganda gratuíta no rádio e TV dividida com Wanderlei. E debitada/subtraida  no caixa da chapa de Paulo Mourão.

Cláudia Lélis teve 99% de sua campanha (R$ 799 mil) bancados pelo PV que tinha candidato ao governo e outros candidatos a deputado que subiram no palanque da Federação. Ivory Lira foi menos aquinhoado: o PC do B bancou apenas R$ 100  mil de sua campanha (33%). Mas também teve outros candidatos que não foram para o palanque do Palácio, mas ficaram sem a grana. 

Tum (uma grande amiga e companheira de redação de quatro décadas e de pena afiada) terminou demonstrando a proposição do artigo deste blog: a prevalência nas eleições dos afetos pessoais aos estatutos dos partidos que são, de forma inequívoca, no sistema partidário de representação eleitoral, condição “sine qua non” para candidaturas. Não são registrados sem estatutos, carta programática, programas. Pode mudar? Pode. Mas até lá é o que está valendo.

Na prática, a confusão entre projetos individuais e coletivos tem consequências. Quer ver uma coisa: onde estava o PV quando o Consórcio Investco rasgava o cerrado, deixava árvores apodrecendo no fundo do lago, animais morrendo (tem um relatório do Ministério Público monstruoso sobre o não cumprimento dos protocolos)  na construção da UHE Luis Eduardo? Entrevistei o seu presidente nacional (até hoje está lá), José Luiz Penna à época (na final dos anos 90 em Palmas).

Dirigentes locais do partido (saídos do Rio de Janeiro) alugavam veículos para o consórcio. O verde até hoje rende patrimônio nas esferas de governo. Tem cobertura dos estatutos partidários? Obviamente que não. O PV não é locadora de veículos nem existe para empreendimentos comerciais ambientais. Apesar de entidades privadas, partidos são financiados com recursos públicos. 

E o PC do B? Em que ponto os comunistas (sim, o PC do B segue no seu estatuto o marxismo/comunismo, rachou com o PCB por causa desse B aí. Prestes queria um partido comunista brasileiro, com características brasileiras; João Amazonas um partido comunista no Brasil, Stalin no Brasil, foi o PC do B que fez a guerrilha do Araguaia, ali em Xambioá).

Sim!! Em que esse PC do B convergiria para o partido da Igreja Universal, o Republicanos? Que até dias atrás mandava os comunistas para o fogo do inferno!!!! É possível uma indulgência plenária para princípios contrariados?

E que se note: tanto o PT como o PC do B defendem, nos seus estatutos, o modelo de centralismo democrático. Criado justamente para preservação de seus princípios. Nem que para tanto se faça uso do arbitrário centralismo que, como tal, não poderia ser democrático.

A jornalista Roberta Tum, portanto, tem uma responsabilidade enorme pela frente no campo político: convencer a classe política a retornar aos fundamentos partidários, hoje deixados de lado (sem qualquer consequência) pelo pragmatismo político.

Daí não poder-se reclamar do eleitor que no ano passado no Estado elegeu Lula, candidato do PT/PC do B/PV no Estado, mas mandou para o Congresso a unanimidade de deputados federais e senadores de unidade conservadora bolsonarista. O resultado é o que se vê nas votações no Congresso.

Ou seja, os próprios políticos proporcionando a falência dos seus partidos e programas. Projetos individuais de exercício de cargo público eletivo e não projetos coletivos de poder.

Tum pode ser esta esperança.

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