Da ação do Ministério Público estadual (divulgada ontem pelo próprio MPE) pode-se apreender que o policial penal é obrigado a cumprir 52 horas semanais (40 horas + 12) num país com jornada máxima de trabalho de 44 horas semanais.

E que contemplaria a legislação estas 12 horas extras serem remuneradas reduzidas de 50% e não aumentadas em 50%, conforme determina a lei.

Mais: que a negativa em aceitar o trabalho escravo (artigo 149/CP) fosse considerada greve. Ainda que os “grevistas” cumprissem a jornada contratada.

Seria interessante o MPE demonstrar como uma ação voluntária – que necessita de adesão – exercida plenamente no aderir ou não, fosse considerada greve. Uma resistência ao dever legal.

Pela ação, o culpado pela crise (há muito denunciada) nos presídios é o “bate-cela”. Não há uma responsabilização sequer ao governo.

O  mesmo que elevou os recursos da Cidadania e Justiça (onde se aloja a policia penal) este ano em R$ 130 milhões. Passou de R$ 180 milhões no ano passado para  um orçamento de R$ 310 milhões este ano. Um reajuste orçamentário de 72%!!!

Administração, no entanto, que reduziu (e o endossa o MPE) a hora extra em 50% ao invés de remunerá-la 50% acima da hora normal. O caos das condições de trabalho e sobrecarga, nem se fale. Parece  não chocar mais.

Uma assimetria que não se viu na indenização de 20% a 50% do salário/subsídio a policiais e delegados pelo mesmo poder, por extras em acumulo de atividades administrativas.Isto mesmo, aplicado sobre o salário e não sobre a hora.

Lá, servidores da Civil que se negavam a realizar trabalhos em cidades fora de sua jurisdição sem remuneração extra não eram considerados grevistas pelo MPE.

O MPE, desta forma, ao defender a assimetria estaria levando a população a ver outros interesses.

Com efeito, sem qualquer preocupação com tetos do STF (R$ 46 mil este ano), no mês de fevereiro último, cerca de cem promotores e procuradores de Justiça receberam salários acima de R$ 70 mil.

Um total de 65 deles tiveram nas suas contas remuneração acima de R$ 80 mil. E, acreditem (está no portal das transparências), onze membros do Ministério Público do Tocantins receberam salários acima de R$ 100 mil em fevereiro de 2025.

É muito para suas atividades? Não acho. Não há servidor caro, se produz mais que a remuneração.  Mas é o dobro do teto constitucional que eles tem como obrigação respeitar.

Como a carga horária deles é de 35 horas semanais, significa R$ 714,00 por cada hora trabalhada.

Mas o MPE  quer que o policial penal receba R$ 23,5 por hora trabalhada além de sua carga de trabalho obrigatória.

Poderia ser mais razoável o MPE pedir ao Tribunal de Justiça que devolva ao governo e este faça uma realocação na Cidadania e Justiça (a que os policiais penais são subordinados) os cerca de 700 servidores do governo cedidos ao Tribunal.

É ou não é? É quase os 1.066 policiais penais em exercício no Estado!!!

E atenção: o Tribunal de Justiça do Pernambuco decidiu na semana passada proibir o governo de lá de obrigar Policial Militar a cumprir jornada extra. “Os plantões são voluntários e não podem ser impostos sem que os profissionais demonstrem interesse nas escalas extras”.

Mas no Tocantins, vocês já sabem, é uma outra história.

Deixe seu comentário:

2 Comentário(s)

  • OSEIAS COSTA REGO
    22/03/2025

    O Tocantins é uma vergonha para a nação, órgãos comprados e cada dia mais corruptos, que além de se auto beneficiarem, ainda querem impedir os direitos dos outros profissionais, uma vergonha!

  • GILVAN NOLÊTO
    22/03/2025

    D. Luiz Armando Costa, como sempre, antenado. Além de uma aula de aritmética, chama a atenção fo bom senso para a lógica.

Últimas notícias

Ponto Cartesiano

Duas movimentações no HC de Wanderlei Barbosa no STF nesta terça não seriam indicativos de expectativas positivas ao governador afastado....

Os aliados de Wanderlei Barbosa fizeram circular hoje a informação do 2º lugar do governo do Tocantins no III Prêmio Qualidade de Inf...

O governo do Tocantins fechou o segundo quadrimestre no vermelho. Uma liquidez negativa de -2,36%. No popular: obrigações financeiras maiores que as disponibil...