A decisão de Marcelo Miranda de pular na canoa de Dorinha Seabra é, antes de tudo, instinto de sobrevivência.
Mas, principialmente, não é um Deus nos acuda. Marcelo foi deputado pelo Pefelê e foi alí que se elegeu pela primeira vez governador. E disputando contra o emedebista Freire Junior.
O partido da senadora, União Brasil, descende do Democratas, que saiu da costela do PFL que vem da Arena.
O UB pode exportar o anacrônico caiadismo para o país, com uma candidatura do governador goiano a presidente. O criador da famigerada UDR. Em tese, tudo a ver.
Marcelo conseguiu no Estado perder o MDB para a Arena da Igreja Universal. Seria Ulisses perdendo o MDB para Maluf.
O partido obteve no ano passado o pior resultado eleitoral em 36 anos de Estado: 4 prefeitos.
Sob o noviço Alexandre Guimarães, eleito pelo então bolsonarista Republicanos, fundado dentro da igreja de Edir Macedo. Deputado ganhou o partido de presente pela eleição.
Como o MDB não elegeu estadual, federal ou senador em 2022, entregou a legenda a um parlamentar interessado na coisa. Ganhou um voto na Câmara. Os modebas do Estado que se virem.
É possível que Marcelo se indague: meu Deus, onde foi que erramos!!!
E olhar para o lado: cadê Derval, Miranda, Iris, Zé Freire, Moisés, Resplandes, Jacinto Cruz, Domingos Pereira, Euwaldo, João Querido, Eulina Braga. Onde estaria Zé da Cunha e tantos outros. E os meus três governos, nada valem?
Marcelo colhe aquilo que o grupo de Iris plantou no Estado. O MDB não abriu portas para novas lideranças. O mesmo se deu em Goiás.
E foi confrontado com o tempo para o qual a poesia de Derval – inspiração dentro gueto – não é suficiente para reverter o ocaso emedebista no Estado.
De forma que a Marcelo só resta lutar pela eleição da ex-primeira dama e ex-deputada federal, Dulce Miranda, a deputada estadual.
Para o qual terá que deixar o MDB para usufruir da nova aliança, dada a não possibilidade legal de coligação proporcional.
Mas Dorinha ganha um cabo eleitoral que pode angariar-lhe votos.