Circulam em profusão nas redes sociais no país listas e mais listas de financiadores e participantes das manifestações golpistas de 8 de janeiro. Algumas tem origem na própria investigação, outras produzidas por antagonistas ao bolsonarismo-raiz. Como e obvio, a listas públicas estabelecem aos investigados não só uma condenação politica antecipada, mas criminal.

Até governo federal e Procuradoria Geral da República abriram canais para denúncias contra os golpistas. Um incentivo ao dedurismo vigente no regime militar quando o padeiro da esquina ao ver algo estranho em pessoas que considerava estranhas, botava a boca num orelhão e ligava para a polícia que ia lá e as fichava como subversivas nos porões da ditadura.

Esse macarthismo de vetor invertido corre sem peias. E é alimentado, em larga medida, por óbvio, pelos petistas - principais antípodas do bolsonarismo - que observam nessa linha auxiliar de dedodurismo tática para enterrar, pelo medo, o crescimento da extrema direita no pais.

Pode não ser a melhor estratégia. Primeiro porque espelha os métodos que a esquerda (e a democracia) sempre condenaram. E por uma razão muito simples: a exposição pública de pessoas ainda investigadas pode imprimir-lhe condenações antecipadas.

E em segundo, porque isto foge às regras do estado democrático e de direito. Parece querer sacralizar a vingança e os afetos reativos sob o guarda-chuva da justiça, transformando algozes em vitimas.

 Em nada diferente dos princípios bolsonaristas que buscam sedimentar o retorno da ditadura militar no Brasil segundo se propaga “dentro das quatro linhas” bolsonaristas. Mas enquadradas dentro da potência de sua própria força principial. Fora dela, seria inimigo a ser exterminado.

As instituições foram ágeis e cirúrgicas na debelação e investigação da tentativa de golpe. E é assim que deve ser. Lugar de golpista é na cadeia. Mas não se pode condenar por antecipação e em duplicidade os criminosos bolsonaristas na sociedade civil.

A reação política ao golpe demonstrou que regimes de exceção não tem mais campo e território na sociedade brasileira. Já a direita, que já havia no país, decidiu mostrar as caras de vez. E deve ser enfrentada no foro adequado: nas idéias e nas urnas.

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Ponto Cartesiano

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