A política da Capital é sem noção. Se não tomarmos precaução com suas sinapses, tornamo-nos também sem referências. Sei que o texto é maior que os normais, mas o assunto também não é normal.

Os vereadores de Palmas encerraram ontem o primeiro período da sessão legislativa de 2025 em que não aprovaram nada (e nada lhes foi encaminhado) de relevante em seis meses (exceção ao empréstimo de R$ 300 milhões com BB) e dedicaram-na a, mais uma vez, elaborar críticas à ex-prefeita Cínthia Ribeiro.

Muitos objetam o blog sugerindo defensor de Cínthia e supostas irregularidades. Interessam-me, na verdade, as razões das críticas e o seu encadeamento tão somente após sua saída.

Mas vejo que vereadores tem seu espaço de crítica na elaboração e fiscalização de projetos e contas. Prefeita não faz nada sem a aprovação dos vereadores. São os tais freios e contrapesos de Montesquieu.

Depois de protocoladas no TCE, é com o órgão de contas confirmar ou não irregularidades. Hoje, por exemplo, vereadores não podem mais aprovar contas reprovadas pelo TCE. Ou vice-versa.

Não se vê os vereadores preocupados, atualmente, com o número de contratações sem licitação para substituir contratos licitados. A prefeitura deve ter suas explicações, mas elas não chegam ao público pelos parlamentares.

Observar o vereador Marilon Barbosa (presidente) praticar inverdades da tribuna, portanto, afrontando a liturgia e a ética do cargo como se estivesse chupando um picolé de cajá é espantoso.

Para Marilon, Cinthia protocolou LCs para empréstimos no final do ano de R$ 600 milhões para cobrir rombo orçamentário. Vamos lá: cobrir rombos, remanejar orçamentos é permitido pela lei.

A própria LDO os define no quantum. Passou disso, tem que haver aprovação da Câmara. Ou seja, fora verdadeira a premissa, autorizar ou não a especulação, seria dos vereadores. Do contrário, é mero fake-news propagado pelo presidente de um poder.

Houve sim cancelamentos de empenho. Mas os empréstimos tinham destinação específica, inclusive em convênios do governo federal. E pior: os recursos seriam administrados pelo novo prefeito. E não pela ex em função do prazo exíguo para tramitação. Uma desinformação na presidência do Legislativo.

O vereador não explicou direito. Assim como até hoje não deu justificativas para se omitir na renovação da concessão da BRK sem licitação por mais 25 anos (e mesmo do seu silêncio nas CPIs da empresa) com os preços praticados (os maiores do país) quando era também presidente da Câmara.

O contribuinte e eleitor ainda foi obrigado ontem a engolir leviandades do vereador (e ex-presidente da Câmara), Folha Filho, contra o ex-deputado, vice-governador e governador Raimundo Boi.

Boi foi deputado constituituite, filho de boiadeiro, origem humilde que formou-se com muito custo em medicina. Saiu do governo como entrou. E depois foi medicar no HGP para formar os filhos em medicina. Uma pessoa íntegra que chegou a governar o Estado por um ano. Não há uma acusação de desvio sequer contra Raimundo Boi.

E Folha o atacou do nada (no que sugere falta de argumento factível) para refutar crítica política do vereador Vinicius Pires (médico e filho de Boi,também médico) sugeriu desvios ético do primeiro presidente do Legislativo estadual nos poucos dias como Secretário de Saúde.

Uma covardia (porque Boi não estava no embate). A prova de Folha: uma matéria de um portal que dizia sobre nepotismo!! Significa que Folha não assimilou a lição da prisão ilegítima que amargou por acusações mais graves.

E o que mais une Folha e Marilon nas circunstâncias atuais: o Taquaruçu Grande. Ali, Cínthia sentou sobre o projeto da Lei do Uso do Solo que libera a área para loteamentos de interesse tanto de Marilon quanto de Folha. Um dos maiores pontas de lança da transformação do Taquaruçu Grande em Distrito. E lotes.

Ah: os vereadores também aprovaram mudar o nome da Avenida Teotônio Segurado para Siqueira Campos. Siqueira agora tem seu nome na Ponte, no Palácio e na principal Avenida. Se  descuidarem, os vereadores aprovam com antecipação o nome de Siqueira Campos na estátua de Cristo Redentor em construção na Serra de Lajeado.

Consuma-se assim a indução de que se estava diante de uma farsa: Siqueira Campos e JK, dois slogans de governo, dois estadistas, era a finalidade. Teotônio Segurado, na narrativa elaborada, não era a história que impulsionava. E sim a farsa.

Deixe seu comentário:

Ponto Cartesiano

O Boletim do Tribunal de Contas desta quinta-feira (publicado em seu portal) indica que o “carái de asas” apontado pelo deputado Danilo Alencar (PL) poderia est...

Os deputados decidiram aprovar (com o aval do Executivo) projeto de lei de autoria do Judiciário que autoriza a recomposição dos salários dos ser...

A visita de Lula para entrega de títulos de regularização fundiária no Bico do Papagaio demarca território: reforma agrária é com...