Desde março, são acusados pelo STJ/STF políticos e advogados do Estado.
Um advogado (liberado ontem) ficou trancafiado quatro meses e dez dias, o prefeito da Capital por 20 dias e um advogado e agente policial civil outros 25 dias.
Como sempre pontuou este blog, vazamentos não ocorrem, pela física, de fora para dentro. E sim no processo inverso.
Pois bem. No pedido de investigação de um desembargador e um juiz (iniciado pelo CNJ) – divulgado ontem em primeira mão neste blog - denuncia-se que o desembargador (e dois juízes) teriam segurado processos de duas investigações de competência do STJ: Máximus e Fames.
Há sempre, claro, defesa com razões de natureza processual. E os investigados irão defender-se. Não há, até aqui, o contraditório e pode o CNJ concluir pela improcedência da denúncia. Há apenas suspeitas que podem não se confirmar.
Não só isto. Lá, também, implica-se desembargadores e delegados da Polícia Federal do Tocantins por vazamentos seletivos de ações da própria Polícia Federal. E aí um pouco de verossimilhança com as denúncias no Estado.
A um delegado da PF (polícia responsável pela investigação) é atribuído o vazamento do afastamento do desembargador Ronaldo Eurípedes, do ex-governador Mauro Carlesse, operações envolvendo o ex-governador Marcelo Miranda, operações que atingiram desembargadores da Máximus e Operação Fames-19. A se comprovar.
Tanto na Polícia Federal como no Poder Judiciário existem profissionais competentes e íntegros. Mas há aqueles que se movem não pela Justiça (no que recebem mais de R$ 100 mil mensais), mas por interesses próprios. Quem já foi perseguido por promotor e juiz sabe muito bem as interpretações com que muitos manejam os dispositivos legais em desfavor de supostos adversários ou de adversários dos amigos.
Cita a denúncia: “chama a atenção o fato de que vazamentos sistemáticos de operações no Tocantins ocorrem exclusivamente no âmbito da Polícia Federal, não havendo registros semelhantes em ações conduzidas pela Polícia Civil, mesmo quando envolvem temas igualmente sensíveis”.
Vai além a denúncia que está sendo investigada pelo CNJ:
“De acordo com o que foi apurado, Pedro Nelson teria comunicado o vazamento da operação ao também Desembargador Marco Anthony. Ambos, cientes da movimentação iminente da Polícia Federal, determinaram que seus respectivos motoristas — Zé Carlos (motorista de Pedro Nelson) e Márcio (motorista de Marco Anthony) — se posicionassem na porta do Tribunal de Justiça por volta das 5h da manhã do dia da operação. O objetivo era que os motoristas os mantivessem informados em tempo real sobre qualquer movimentação da Polícia Federal nas dependências do TJTO.”
E segue: “Esses fatos podem ser facilmente confirmados mediante a oitiva dos motoristas mencionados, os quais foram diretamente envolvidos nessa ação orquestrada para monitoramento da operação policial.”
Como se nota, não é denúncia de alguém que não conheça os fatos e envolvidos de perto.
O inteiro teor do documento é público. Assim como o pedido da Corregedoria Nacional de Justiça, por ele provocado (e anexado nos autos) também o é.
E voltemos ao começo:desde março, são acusados de vazamento pela PF/PGR/ STJ/STF políticos e advogados do Estado.