A senadora Dorinha Seabra circulou nesta segunda nota acerca dos áudios vazados no domingo.
Com a mesma naturalidade com que acusou (sem provas) veículos de comunicação de vendilhões espetou, na nota oficial, estranhar o “vazamento evidentemente intencional com o propósito de desinformação”.
E engatou: o ato seria questionável ao ocorrer às vésperas da divulgação de uma pesquisa (esta aí do último post).
A licenciosidade semântica da professora é admirável. E descamba para a teratologia mais desabrida.
Não resiste a uma provocação: se ela sabia que a pesquisa seria divulgada na segunda (que aponta os outros soubessem), ao abrir o coração no sábado, é razoável supor que ela própria teria criado condições para o vazamento. Invertendo a sua motivação e finalidade do vazado.
Não se faz política com posições no privado diferente do público. Política é confiança, respeito a acordos.
Comparação: Dorinha, eventualmente no governo, não pode mandar um projeto ao Legislativo para atender a população e por baixo do pano determinar aos parlamentares que o derrubem.
O mais grave no sincericídio da Senadora não é,entretanto, a forma como veio a público, como tentam aliviar seus aliados. Apontando o dedo para supostos adversários.
E sim o conteúdo daquilo que ela expandiu no privado que contraria, peremptoriamente, seu discurso público de convergência.
Se Dorinha pode ter o pensamento que quiser e traçar suas estratégias políticas próprias (até inadequadas), não está livre das consequências, também políticas, de suas análises. Públicas ou privadas.
É uma Senadora da República pré-candidata a um governo de Estado que administra R$ 20 bilhões anuais. Em que todos (candidato ou não) necessitam conhecer sua verdade e princípios para entregar-lhe a chave do cofre.
Além do mais, diz respeito a cargos públicos, financiados pelo contribuinte. O UB de Dorinha teve de fundo eleitoral no ano passado R$ 536 milhões em todo o país. Este ano tem R$ 122 milhões de fundo partidário.
É indiscutível que o áudio vazado criou um abismo de desconfiança nos aliados sobre a validade dos propósitos da Senadora.
E ainda tem gente fazendo reducionismo com o fato. Deixando de lado até mesmo a acusação leviana contra jornalistas.
Confira a Nota da Senadora
NOTA À IMPRENSA
Neste domingo (17), circulou nas redes sociais um áudio em que um dos interlocutores é a Senadora Maria Auxiliadora Seabra Rezende.
O referido áudio refere-se a um diálogo, inerente a uma análise do cenário político no Estado do Tocantins, natural em momentos que antecedem ao pleito eleitoral nas definições de pré-candidaturas.
Causa, entretanto, profundo estranhamento que este material tenha sido alvo de um vazamento evidentemente intencional e com propósito de desinformação. O ato é ainda mais questionável ao ocorrer às vésperas da divulgação de uma nova pesquisa pré-eleitoral, na qual a Senadora Professora Dorinha desponta na liderança, reforçando de maneira categórica sua posição e representatividade no cenário político tocantinense.
O objetivo é construir um projeto amplo, que vá além de um único partido, com foco em unir forças para atender às necessidades da população.
A política é feita de diálogo, de pontes e de apoios. Nosso compromisso permanece em construir um projeto amplo, que vá além de um único partido, baseado no diálogo, na transparência e na união em torno das necessidades da população.