Com igual régua política com que tratam o HC de Wanderlei Barbosa no STF, setores da política medem as demissões promovidas (cargos de provimento em comissão) por Laurez Moreira. Em uma semana mais de 200.

É uma mistura de compaixão com populismo eleitoral. Este não só na gênese da  “coisa” mas na sua finalidade, que é, verdadeiramente, aquilo que se busca.

Duas proposições num só sentido: a compaixão (pelo emprego) impulsionando o populismo (ocupação não lastreada em receitas correspondentes) e a compaixão pelo desemprego (pela falta de correspondência de recursos).

Entre os apelos dos afetos e a frieza dos números (demissões), naturalmente o senso comum é levado a compadecer-se do já compadecido.

Mas governo não é responsavel por gerar emprego. E sim fomentar a economia para proporcioná-lo. A administração pública existe para o...público. Não é um fim em si mesmo.

Salários de R$ 40 mil que muitos recebem no Estado são bancados, em larga medida, pelos 900 mil contribuintes que declaram ter renda de até dois salários minimos mensais no Estado.

Em Palmas são 55  mil os declaradamente na pobreza (renda per capita de R$ 200,00 ao mês). Números do governo federal (distribuição do Bolsa Família/ago/2025).

E aí o equívoco do governo: qual é o plano? Como ficariam estas duas centenas de cargos vagos? O governo já teria os substitutos?Substituiria um desempregado por outro?

Afinal, 200 pessoas sem ocupação de uma hora para outra e carente de explicação pública (e lógica) sobre os motivos, sugere que as alterações tivessem sido motivadas por vieses não só políticos ou administrativos.

Do ponto de vista pragramático, Laurez recebeu o Estado com uma insolvência de R$ 362 milhões (mais obrigações financeiras que receitas) e com uma folha de salários elevada em 9,7% em relação a agosto de 2024. A inflação no período de um ano foi de 5,13%.

O Estado gastou com salários (janeiro a agosto de 2024) a soma de R$ 6,490 bilhões. Fechou janeiro a agosto de 2025 consumindo R$ 7,119 bilhões (portal das transparências deste domingo).

Conseguiu financiar isto aí com o aumento da arrecadação. No 2° quadrimestre de 2024 a RCL foi de R$ 14,286 bilhões contra os R$ 15,348 bilhões do segundo quadrimestre de 2025.

Significa que, para um aumento da RCL de 7,4%, Wanderlei elevou a folha de salários em 9,6% em um ano. Ah, LA, teve a data-base!! Sim!! De 4,7%.

Paradoxalmente, no que importa ao público, o governo reduziu os investimentos (janeiro/ago/24-janeiro/ago/25) em R$ 168 milhões. Aplicou nos dois primeiros quadrimestres do ano passado R$ 694 milhões em investimentos. No mesmo período deste ano, apenas R$ 526 milhões.

Apesar daquele empréstimo de R$ 1 bilhão do BB que caiu nas contas do tesouro no ano passado.

 

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2 Comentário(s)

  • Wilton Angelis
    21/09/2025

    Essas demissões podem ser vistas, por um lado, como uma iniciativa para reduzir os gastos decorrentes do inchaço da máquina pública e ampliar a capacidade de investimento. Por outro lado, representam também um recado político aos deputados que possuem indicações no governo: a necessidade de reverem suas posições e abraçarem a nova gestão caso queiram manter seus espaços. Trata-se, portanto, de uma forma de pressão para que aprovem o impeachment do governador afastado. Diante desse cenário, é possível crer que as exonerações continuarão ocorrendo, com as vagas sendo redistribuídas entre aliados políticos. Isso, além de reforçar o controle da atual gestão, enfraquece diretamente o grupo concorrente na disputa eleitoral que se aproxima. Vale destacar que o governador afastado provavelmente tomaria medida semelhante, condicionando o apoio de parlamentares à manutenção de cargos. Prova disso é que ele já havia dado um ultimato ao senador Eduardo Gomes para que se posicionasse, o que indica que tais demissões já estavam previstas — o governador interino apenas as confirmou. No jogo político, a máquina pública e os cargos de confiança funcionam como tabuleiro, enquanto os deputados aliados são as peças que movimentam o jogo. Aqueles que não apoiam o governo ficam fora das indicações e passam a jogar por fora, tentando montar um tabuleiro alternativo, capaz de disputar a máquina pública e consolidar seu próprio espaço de poder.

  • Joao Antonio Fernandes de carvalho
    21/09/2025

    Um estado pobre que paga altos salários a um pequeno grupo.

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