Ainda não é oficial, mas os fatos falam por si só. Decorrida uma semana da oposição oficial de Janad Valcari ao governo (e dos áudios vazados de Dorinha Seabra sugerindo uma conspiraçãozinha), o senador Eduardo Gomes tenta manter distância da encrenca.
Mas os pontos teimam em aproximá-lo do cerne da questão. Nada que o leitor do blog há muito não seja apresentado. Eduardo é o presidente regional do PL, mesmo partido da deputada Janad Valcari.
E, até dias atrás, andava de mãos dadas com Wanderlei. Nos bastidores, segurava também a mão de Dorinha Seabra (para composição de chapa). Mas, por lógica, distanciava-se, no gesto, de Amélio Cayres.
Adicionada sua movimentação de há muito conhecida em direção a Dorinha Seabra (que rifaria Amélio Cayres) a precaução política (mais próxima de omissão) carimbaria, com efeito, uma posição.Na política, como na física, não há espaço para vácuo.
É um grupo que pode afastar o prefeito da Capital, Eduardo Siqueira. No Paço, ainda não se esqueceu Dorinha Seabra e Carlos Gaguim no Monte Sião durante a prisão do prefeito.
O Monte Sião era a mão que balançava o berço atrás do vice Carlos Veloso e Amarildo Martins.
A certeza do não retorno do prefeito era uma tremenda imprudência que não brecou a traição. Afinal, Eduardo era um preso preventivamente numa ação policial cheia de equívocos.
Para dar valor ao movimento deveria, por certo, entregar o cargo de secretário no governo do Republicanos. Hoje ocupado pelo irmão do senador e presidente metropolitano do PL.
O PL elegeu no ano passado apenas três prefeitos. O União Brasil fez 37. Uma chapa com Eduardo Gomes e Carlos Gaguim (o alter ego de Dorinha) no Senado, foi, tudo indica, sempre o fim do trio que tem suas afinidades conhecidas.
E ficou pública esta semana com o grupo de Dorinha manipulando a direção do UB (Antônio Rueda) a modificar o acordo com o PP, alterando-o à revelia do presidente nacional do PP (Ciro Nogueira). E que já tem consequências e elas não podem ser consideradas ativos da Senadora.
Se no cargo de presidente, o PL foi derrotado para governo e presidência no Estado (no primeiro e segundo turno) em 2022, com Jair Bolsonaro (sabe-se agora milionário) a caminho da prisão, a chapa Dorinha/Gaguim/Gomes não teria um prognóstico incentivador.
Mas aliviaria o Republicanos que pode manter os 17 prefeitos do PP, somando, só aí, considerando as movimentações 73 prefeitos. Contra os 40 do PL/UB.
Subtraindo esses 40 dos 121 prefeitos eleitos na base do Palácio em 2024 (incluindo PL/UB), a chapa governista teria ainda 81 prefeitos.
O dobro do PL/UB. E não precisaria gastar cérebro administrando conspiratas.