Não acrescenta a nenhum dos dois polos políticos (e administrativos) a disputa em torno da paternidade do aniversário de 65 anos de Araguaína na próxima semana.
Na tese, aquele que patrocinasse a mais festiva comemoração estaria certificado como a melhor escolha do eleitor. Daqui a um ano. Não se sabe qual seria a métrica. Mas os cofres públicos tem a rima na ponta da caneta. E ela rima com desprezo ao contribuinte e à representação.
Seguindo a lógica nada cartesiana, a encrenca é alimentada pelos aliados do deputado Jorge Frederico, um dos pré-candidatos a prefeito. E retroalimentada por setores do governo que tem no deputado uma escolha.
Jorge amplifica que promoverá (com recursos públicos) um show maior do que a Prefeitura promete realizar no mesmo dia. Só que em local diverso.
O prefeito Wagner Rodrigues, como Chefe do Executivo local, cumpre apenas sua obrigação. Jorge, que busca o seu lugar, sugere, com a estratégia, fazer da data oportunidade de um contraponto político.
Um desserviço à sua própria pretensão (e à história, política e economia pujante do município) que pode proporcionar-lhe soma negativa.
A Wagner, como prefeito, compete liberar ou não espaço público para festas. Há a questão da segurança, energia e limpeza do lixo dos shows. Ou seja, Jorge não é autônomo na sua vontade. E não vai sair catando lixo no dia seguinte.
A cidade não é um terreno baldio ou um monte de monturo. Até o governo para intervir nas ruas da cidade tem que obter autorização da prefeito legitimamente eleito.
Wagner, ademais, foi eleito com 50,87% dos votos da cidade e está na metade do mandato com direito a disputar reeleição. Jorge tem recorde de desistência de candidatura na cidade.
E não custa lembrar que o prefeito de Araguaína, uma cidade de 170 mil moradores e 101 mil eleitores, é filiado ao partido (UB) da base do Palácio.
O União Brasil que bancou 75% da campanha de Wanderlei Barbosa ao governo no ano passado. Dos R$ 6,508 milhões de recursos financeiros que teve na campanha, R$ 5 milhões foram doados pelo União Brasil.
O Republicanos do governador entrou com R$ 1,1 milhão. E tudo indica que nas eleições do próximo ano a proporção do fundo de campanha (fundo eleitoral) se mantenha.
Numa disputa ao governo em 2022 em que o governador obteve 41% dos votos na cidade contra 46% do seu adversário Ronaldo Dimas (apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro) já na administração de Wagner Rodrigues.
Como Wanderlei quer disputar o Senado e fazer o seu sucessor, a razão indicaria que fosse mais em conta que o Palácio tratasse Wagner como aliado e não adversário.
Isto porque teria ao seu lado o prefeito da segunda maior economia do Estado, segunda maior população e segundo maior colégio eleitoral.
Do mesmo modo que essa equação retiraria, em igual proporção, ativos do grupo adversário no município.
Esse é o cérebro. Mas tem o fígado de Jorge Frederico. Parece emergir da situação um monte de "bêbados políticos" sem importar-se com as consequências de uma cirrose.














