A exposição (pela TV Anhanguera/Globo) de deslocamentos de Wanderlei Barbosa com o jatinho de R$ 20 milhões (um furo de reportagem que dá trabalho garimpar) sugere mais uma farra com recursos públicos do governador afastado.
As publicações de Wanderlei nas redes são de difícil refutação. Assim como o valor e natureza dos gastos levantados.
E revelados no bojo de uma investigação no STJ e um HC no STF, tem potência para deixá-lo onde está: fora do governo.
A situação não é nova e nem uma jabuticaba tocantinense. Presidentes são transportados para suas férias nas praias por aeronaves pagas com recursos públicos.
E sempre haverá um evento público aos gestores, governadores e prefeitos, para justificar despesas com escolhas e agendas pessoais.
Deputados e senadores, a seu modo, viajam pra lá e pra cá com passagens aéreas também bancadas pelo contribuinte. Tem inclusive cotas para o Rio de Janeiro (uma passagem por mês).
No início do Estado, jatinhos também (locados pelo governo da Aeropalmas) seguiam cheio de garotas e parentes do governador para férias no litoral nordestino. Escrevi muito sobre isto.
Os pilotos (alguns já falecidos) contavam horrores como se fosse uma brincadeira de adolescentes.
E o que dizer das expedições “sexuais” ao Cantão? No governo Marcelo Miranda, eles eram mais econômicos: enchiam ônibus que tomavam dos empresários sob pressão de pagamento.
Denunciei aqui a situação. Os proprietários de ônibus da Viação Ponte Alta ficaram sem receber.
Mas os mesmos grupos continuaram à frente do governo sendo eleitos e reeleitos pelos mesmos eleitores.
O problema de Wanderlei foi a vaidade das redes sociais e certo grau de prepotência. Sempre flertou mais com o fígado do que com o cérebro.
E envolveu-se com empresários picaretas que fizeram fortuna amealhando contratos com o governo em troco de propina e preços superfaturados.
Um deles chegou a ser nomeado secretário do governo pelo próprio Wanderlei, quando já se sabia de suas peripécias nos corredores da administração.
Mas não bastasse, Wanderlei expôs para todos a sua conduta inadequada e fazia disso um plus. Não dava a mínima para conselho de assessores mais prudentes.
Nunca se afastou dos corvos dos cofres públicos.,
Para ele, parecia que o mais importante era mostrar e demonstrar movimento, no algoritmo das redes sociais.
E aí outra ilegalidade (que é ainda cometida por outros gestores): o financiamento público de publicações de cunho pessoal nas redes sociais.
Em desfavor do princípio da publicidade dos atos públicos em veículos de circulação pública.