Os parentes e amigos de Siqueira Campos embrulham hoje o passado (a história do ex-deputado federal e ex-governador) embalando um “pacote” futuro.

Na ausência do pai, o grupo deve arrastar políticos que vêem na projeção do retorno do siqueirismo a perspectiva de poder de Eduardo Siqueira.

O projeto é tão explícito quando audacioso. E Eduardo sabe muito bem fazer uso desse sentimento de pertencimento característico do “desbravador” e “pioneiro” impregnado na narrativa de Siqueira. E que parece ter sobrevivido à sua morte.

Tem, Eduardo, evidentemente, todo o direito de dar a Siqueira, o pai, a dimensão que acredita ser merecedor o ex-deputado federal e ex-governador.

E se o siqueirismo necessita ter um líder, nada melhor que o herdeiro político natural de seu criador. Siqueira, o pai, como é indiscutível, tinha projetos grandiosos. E não era segredo o projeto que dedicava ao herdeiro.

O ex-governador (que faria 97 anos nesta sexta), ele próprio emprestava à data de aniversário natureza de um ato político. Às vezes a comemorava dando início à Romaria de Bonfim, noutras em Arraias.

Em ambas, uma data pessoal confundindo-se, não por moto-próprio, com o público.

Para os admiradores menos atenciosos à história, Siqueira, no governo, era elevado, é-nos possível deduzir, ao nível da imagem do Cristo em chagas no santuário. Um ano após sua morte, seria o próprio.

Siqueira foi um grande político. Conservador e progressista a um só tempo, ergueu, em pleno capitalismo selvagem, um slogan carente de plausibilidade, mas de carga eleitoral incontestável: o Estado da Livre Iniciativa e da Justiça Social.

Pela projeção do PIB (LDO/2025) de R$ 70,2  bilhões (crescendo 4,1% ano ano/2024)  e 600 mil pessoas no Bolsa Família, a livre iniciativa, como esperado, sobressaiu-se. Ainda que à custa da injustiça social. Mas a justiça social estaria lá, como uma bandeira de Roberto Campos misturado com Carlos Prestes.

Siqueira não gostava de ser contrariado e era avesso a jornalistas que confrontavam suas idéias. Não foi uma característica só dele.

Demonstrar que ele não criou o Estado sozinho e que líderes do movimento separatista foram expurgados na narrativa siqueirista, era o fim do mundo.

Mas como me disse certa feita o ex-deputado e ex-secretário Brito Miranda que advogou para Siqueira (PDC) mas era do PMDB e ajudou o governador Henrique Santillo a formar a unanimidade dos deputados estaduais goianos pela aprovação da divisão do Estado (condição obrigatória do constituinte): com todos os defeitos, o Siqueira foi o melhor para o Tocantins.

E respaldava com a ironia de sempre numa dessas conversas que tivemos discutindo sobre eu escrever sua biografia: o Siqueira me corrompeu politicamente com sua força e coragem para levar a luta adiante no Congresso. Era o melhor.

 

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Ponto Cartesiano

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