No Estado há projetos que sugerem seus elaboradores e desenvolvedores em posição de iluminados liderando nefelibatas.
É o caso desse Programa Jurisdicional de Redução de Emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+). O nome é pomposo tanto quanto os valores.
Convenceram o Governador que o Estado vai receber R$ 2,5 bilhões até 2030. E que nesse período irá gerar 50 milhões de crédito de carbono
Por aqui, dissemina-se o contrato com uma empresa de certificação de carbono. Por óbvio, não poderia a Mercuria Group certificar hoje, a priori, um carbono a ser sequestrado a posteriori.
No popular: a certificação antecipada é, na verdade, na narrativa ficcional indisfarçada, uma criação/geração de crédito de carbono. O ovo na galinha.
Certifica-se aquilo que se aposta ainda vai se concretizar ou não. Malabares capazes de desvios milionários.
Os “engenheiros” estão levando essa ficção a escolhidos em audiências públicas. E a estão misturando com a discussão de um novo Código Florestal no Estado.
Funcionaria assim: fixa-se uma data inicial e faz-se a projeção de quanto carbono seria sequestrado nessa área com o REED por 30 ou 50 anos, por exemplo.
A empresa vem e certifica essa baboseira (de improvável confirmação futura) e se o comercializa a empresários poluidores que fazem o pagamento.
Obviamente se os “engenheiros” quiserem ganhar mais e os empresários poluidores compensar maior poluição, é só aplicar na equação ficcional.
Seria mais transparente o poder público fazer uso do poluiu-pagou. Desmatou tanto, paga tanto. Consumiu tanto de combustível poluente, paga tanto.
Sem intermediação que, por lógica, tem a comissão. Mas aí a “largueza” teria algum controle.
No Estado, as mais de 60 mil propriedades rurais já são obrigadas, por lei, a preservarem 35%.
O governo os consideraria como ativo do REED+? E as terras indígenas e quilombolas? E como ficaria nos conflitos de propriedades?
Nada importa, além dos R$ 2,5 bilhões em cinco anos.E a ficção segue com uma narrativa tentando encaixar o real dentro do imaginário ou vice-versa.