A precipitação da campanha eleitoral ontem por Jair Bolsonaro (e o PL) fez Lula (e o PT) convocarem extraordinariamente os pré-candidatos petistas nos Estados para reunião (com Lula e staff) nesta segunda no Rio de Janeiro.

Dentre eles, Paulo Mourão, um dos onze petistas no país cotados pelo PT para disputar os governos estaduais. Paulo confirmou na noite de ontem a este blog a convocação que o obrigou a cancelar agendas no Estado.

A apostasia do direitista PL à obrigação de seguir a legislação eleitoral teve seu similar no Estado com a reunião na última quarta de deputados de partidos conservadores (alinhados a Jair Bolsonaro) na ante-sala de despachos do governador do Estado, para formar chapa proporcional.

Se no país a direita segue unida a Jair Bolsonaro, no Estado, a valer o racha e a pressão colocados pelo aparente líder informal de Wanderlei Barbosa (do bolsonarista Republicanos de Carlos Gaguim), deputado Eduardo Siqueira, a deputados das duas correntes direitistas (de Wanderlei e Ronaldo Dimas que disputariam o governo) nas horas em que ele próprio, Eduardo, era paciente de quebra de sigilo pela Justiça Federal por acusações de desvios de recursos públicos, a direita do Estado segue publicamente dividida e enroscada.

Obviamente se duas correntes dividem um mesmo nicho de eleitorado (de direita) favorecem uma terceira candidatura colocada em oposição e à sua esquerda, no sentido ideológico. E, pela lógica política regional, não se projeta Wanderlei abrindo mão para Ronaldo Dimas e vice-versa, por uma candidatura única. O quiprocó dos deputados no Palácio na semana passada dispensa outras comprovações retóricas ou fáticas.

E aí o X da questão para a direita no Estado. Com efeito, nas últimas três eleições estaduais (2010/2014 e 2018), os candidatos de direita e esquerda tem, somados, metade dos votos cada corrente em cada eleição. No Estado, segue-se que a política é, do ponto de vista ideológico, bi-polarizada.

Uma bipolarização evidenciada indiscutivelmente nos votos. Siqueirismo e emedebismo. Se Siqueira conseguiu cristalizar o  siqueirismo conservador (como o getulismo, pedroludovisquismo, carlismo, caiadismo), Moisés Avelino (figura primeira da esquerda a administrar o Estado a confrontar a direita oriunda do militarismo) não fomentou o avelinismo.

Disto se tem que a direita continua personalística (bolsonarismo/núcleo de Dimas e siqueirismo ressuscitado por Wanderlei/como outra franja do bolsonarismo) e a esquerda no pragmatismo e idealismo partidário.

Mero cálculo matemático encontraria, assim, que com dois candidatos disputando os votos da direita, eles teriam, individualmente, metade dos votos do candidato único da esquerda. 

Isto favoreceria, se não derrota direitista no primeiro turno (com vitória da esquerda), garantiria, com reduzida margem de erro e elevada taxa de acerto por consequência, a ida do esquerdista Paulo Mourão ao segundo turno contra um deles.

E aí o fator Lula e uma aliança com o MDB/de Marcelo/Moisés que venceu quatro eleições para governo no Estado (que pode apoiar Lula) seriam, indiscutivelmente, determinantes. Numa eleição em que, no país, a esquerda (pelas pesquisas) pode levar o governo federal no primeiro turno. Quando não, no segundo com folga. Previsão, evidentemente, sujeita às urnas.

Para efeito de raciocínio e demonstração da proposição colocada, basta observar que em 2010 Siqueira Campos (e 12 partidos de direita da chapa) saíram das urnas com 50,58% dos votos ( só teve dois candidatos ao governo) contra 49,48% de Carlos Gaguim/MDB (e mais 11 partidos considerados de esquerda).

Os votos da direita oscilaram para baixo em 2014. Marcelo (MDB) bateu Sandoval por 51,30% contra 44,72%. Somados os votos dos candidatos da direita ao governo (dois), a corrente conservadora conseguiu 48,26% contra os 52,77% dos votos dos candidatos de esquerda (três candidatos ao governo).

Igual desempenho se deu na ultima eleição estadual (2018). Ali, os candidatos de direita (a direita teve dois candidatos Mauro Carlesse/PHS e Cesar Simoni/PSL) conseguiram 61,82% com dez partidos em duas chapas (nove só na de Carlesse que sagrou-se vencedor com 57,9%). Já os cinco candidatos da esquerda amealharam 42,61% dos votos. Este ano, a direita tem dois possíveis candidatos e a esquerda apenas um colocado.

Pesquisas recentes (de duas semanas) de políticos do grupo direitista que este blog teve acesso, indicavam 18% de intenções de votos a Wanderlei, 14% a Dimas e 12% a Paulo Mourão. Nestas condições as projeções estatísticas do grupo indicariam em outubro 36% a Wanderlei, 26% a Paulo e 27% a Dimas.

O racha da  semana passada (depois dessa pesquisa) e até as convenções tem potência para retirar apoios de Dimas e Wanderlei, que podem migrar para Paulo por gravidade forçando inevitavelmente o segundo turno entre direita e esquerda. Assim como o MDB que não segue o siqueirismo e que não se misturam como na solução de água e óleo.

Adicionando a Paulo o PV (ainda levado por Claudia Lélis na malemolência e que deve esta semana decidir se fica ou sai do partido, que vai federar com o PT, ou seja, se vai de Wanderlei ou Paulo Mourão), o MDB e parcela dos jovens de 15 a 18 anos da primeira eleição deste ano (100 mil no país na última semana conforme o TSE), tendentes a anti-bolsonarismo o caldo pode entornar para a direita no Estado.

Se fosse um páreo, Paulo Mourão, assim, na situação colocada, seria pule de dez. Se fechar o PT  (já tem firmado PV e PC do B) com MDB e PSB no primeiro turno (com federação ou sem ela), não implausível, uma barbada.

Wanderlei e Dimas deveriam colocar, juntos, a barba de molho.

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