Sigamos tentando entender o governo. Alguns leitores ficam contrariados pela minha disposição em escrutinar diariamente as ações da administração pública. Outros tem opinião contrária. Ora, o governo é o maior empregador do Estado (50 mil servidores). Dos salários, dependem diretamente 200 mil pessoas.

Se fosse uma empresa, o governo seria um portento: um faturamento anual de R$ 10 bilhões administrado por duas dezenas de gestores comandados por apenas uma pessoa. Na iniciativa privada, um conselho de administradores seria o responsável por investimentos, despesas e receitas. Se desse prejuízo aos acionistas e investidores, seria demitido. No governo, não.

Tomemos a mensagem de Mauro Carlesse ontem aos deputados. O Governador cita que desde 2013 o governo não consegue se enquadrar na LRF. É fato. O governo aponta o dedo, como se nota, entretanto, é para Marcelo Miranda.

Mas de 2003 a 2018 o governo só fechou dentro da LRF (no que toca a despesas com pessoal) em oito exercícios. Nesse 2013 que ele explora, governo Sandoval Cardoso/Siqueira Campos, o a administração fechou o terceiro quadrimestre consumindo 51,09% da RCL com salários.

Nessa mesma linha, os assessores de Mauro Carlesse fizeram ele assinar uma mensagem ao Legislativo pregando que o Governador haveria reduzido essas despesas. Pegou um comprometimento de 58,22% (1º quadrimestre), reduzindo-o para 55,34% no segundo quadrimestre.

Convenientemente, o governo omite na nota os 56,67% do terceiro quadrimestre de 2018. Ou seja, Carlesse teria aumentado a despesa com pessoal em pleno período proibitivo eleitoral de contratações e de concessão de benefícios a empregados.

Aliás, aumento de despesas até mesmo registrado no balanço publicado na semana passada: liquidou despesa bruta com salários em agosto de 2018 (último mês do segundo quadrimestre)  o valor de R$ 393.835.448,56 contra os R$ 728.125.607,22 de dezembro (terceiro quadrimestre).

O governo propaga na mensagem que haveria cortado despesas de R$ 328 milhões (e não há porque duvidar. O problema é que, se ainda assim fechou o quadrimestre pior que o anterior,  os números estão a indicar que teria enfiado o pé na jaca de agosto a dezembro. Em pleno período pré e pós eleitoral.

Mas o governo pede confiança. Não há outra saída.

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Ponto Cartesiano

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