Um dos escassos números que escaparam ontem ruidosamente da coletiva BNDES/Governo já seria elemento determinante para a defesa da concessão do parque. Apesar da modorrenta coletiva de imprensa.
Soube-se ali, an passant, sem despertar qualquer interesse (certeza ou dúvida) que só 8% dos visitantes do Jalapão são tocantinenses. Ou seja, apenas 3 mil e duzentas pessoas, de 40 mil turistas/ano.
De outro modo: de uma população estimada de 1,6 milhão de pessoas do Tocantins (IBGE/2021), somente 0,2% conheceriam as belezas naturais do santuário, distante pouco mais de 200 km da Capital do Estado.
Os dados são atribuídos pelo governo ao Banco Mundial que registrariam outra perda econômica: cerca de 90% dos turistas não retornam o parque. Se não voltam, também, por lógica, não o indicariam, por algum motivo, plenamente.
No Jalapão (dados do ICMBio) o índice de IDH situa-se entre 0.4 e 0,6 (o máximo é 1) – índice médio. Apesar de só as agências de turismo e os proprietários dos atrativos faturarem algo próximo de R$ 170 milhões anuais (pacotes turísticos;R$ 120 mi e visitação avulsa a cachoeiras/R$ 50 mi). Calculados a partir dos preços cobrados e da movimentação nos pacotes.
Duas questões óbvias que atraem uma terceira: porque 99,8% da população do Estado não conhece o Jalapão!!! E porque 36 mil dos turistas anuais no retornariam o indicariam o parque para novos visitantes. Levando à terceira: porque numa movimentação de R$ 170 milhões (sem licitação) a população que protesta diz defender os nativos e não consegue com este volume retirá-los da pobreza, sugerindo a manutenção do status quo vigente.
Como é óbvio, a discussão é mais econômica do que política. Daí os movimentos populares (quilombolas e agentes de turismo) apegarem-se ao debate atávico e anacrônico da pobreza quando nela faturam milhões sem demonstração de esforço redistributivo.
Uma armadilha ideológica que desafia o governo e que pode inverter, pela retórica, a lógica da concessão.