A expulsão do ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do Democratas, a partir de relatório da deputada Dorinha Seabra, é mais um elo na formação de uma aliança entre o partido no Estado, o governador Mauro Carlesse e a prefeita Cínthia Ribeiro, tendentes a integrar uma aliança com Jair Bolsonaro.
A infração disciplinar apontada pela relatora (aceita pela unanimidade da Executiva nacional) tem na gênese o apoio de ACM Neto (omissivo) a Jair Bolsonaro. E fundamento no Estatuto. Rodrigo Maia já tentara se desfiliar, mas corria o risco de perder o mandato antes da janela partidária. Agora, não.
Se Maia, entretanto, tivesse atropelado o partido ao apoiar Baleia Rossi, Neto, em tese, praticou o mesmo ao decidir que o partido ficasse em cima do muro na disputa entre o candidato de Maia e o de Bolsonaro sem consultar todos os membros. No caso, a omissão de Neto foi assertiva, uma ação.
Conclusão óbvia: ACM Neto está levando o Democratas para a base de Jair Bolsonaro. Isto implica em que Dorinha também o siga. ACM Neto foi um dos defensores de Dorinha contra a intenção de Carlos Gaguim de entregar o partido a Mauro Carlesse que hoje está no PSL que deu legenda a Bolsonaro em 2018.
A expansão do leque de legendas pro-Bolsonaro, onde se alojam Dorinha e Carlesse (e Cinthia Ribeiro mesmo que ainda informalmente) leva, entretanto, possibilidade de passivos a outras lideranças.
Uma delas o deputado Antônio Andrade, cujo PTB também é da base de Bolsonaro mas que tem menor capilaridade que o Democratas no Estado e anda perdendo ativo com os problemas jurídicos de sua principal liderança no país, o ex-deputado Roberto Jeferson.
Outro que terá que buscar outra via é o senador Eduardo Gomes, um dos nomes com maior densidade eleitoral numa disputa para governo. Gomes, tudo indica, diante da decisão do MDB de Marcelo Miranda, terá que buscar outro partido para viabilizar sua candidatura.
