Decidira não opinar mais sobre a saída da ex-secretária de Desenvolvimento Social da prefeitura, Adriana Aguiar, por não ver motivos para alongar-me sobre o tema.
Afinal, a prefeita, eleita democraticamente pelo voto popular, tem a competência para nomear e demitir auxiliares na hora que lhe aprouver.
Daí ater-me, no artigo de ontem, ao perímetro da forma como se dá esse exercício constitucional. Ou melhor: teria se dado.
Um território que, no setor público, exigiria tratamento diferenciado mais condizente com regras civilizadas gerais que no privado justamente porque o gestor público faz as vezes de todos, indiferente de orientações pessoais.
Sem adentrar-me na questão administrativa que, Cínthia, pelos resultados alcançados até agora, vai muito bem. Melhor que os prefeitos que a antecederam no cargo.
Dizia sobre gerenciamento de recursos humanos. Aqueles que já fizeram cursos de gerenciamento (fiz dez destes cursos na Caixa Econômica Federal/PAG-10 em Brasília, Goiânia e São Paulo) sabem muito bem do que falo.
E por que digo isto: na administração gerenciar é conseguir resultados através de pessoas. Sem estas, nada feito. É preciso motivá-las e isto não se dá apenas no desconforto. Mas também no aconchego.
Caso contrário, ter-se-á gol contra. Há muitos políticos que tem equipe, pagam salários, mas seus funcionários votam no adversário. Política é fruto de paixão, coração. Não à toa o voto é secreto, individual, um cidadão, um voto.
O problema é que depois do artigo de ontem, aliados da prefeita passaram a amplificar nas redes sociais (inclusive aqui no blog) as justificativas do entorno de Cínthia para a conflagração com a ex-secretária.
Conflito que de fato não haveria se a prefeita decidisse por simplesmente demitir a secretária, agradecer o trabalho e pronto.
As explicações simplórias de que Adriana tivesse demonstrado incompetência na administração da pasta, verbalizadas apenas após seu pedido de demissão, um ano após a posse - se verdadeiras e disto se duvida, Adriana Aguiar é uma gestora de perfil conhecido há décadas, não é uma forasteira qualquer - se volta, com efeito, na verdade, é contra a própria prefeita que a nomeara.
Deixar por doze longos meses uma ineficiente em Secretaria tão cheia de problemas como necessária aos cerca de 37% da população em situação de pobreza na Capital, não seria decisão mais acertada de uma administração.
E sem que houvesse um encontro sequer no período entre a prefeita e a secretária – como apontou a ex-secretária - para alinhamento (a palavra da moda) pior ainda.
O entorno de Cínthia poderia refutar os não encontros. Demonstrar que Adriana não a procurara, derrubando seus argumentos.
Algo muito fácil: bastaria abrir a agenda pública da prefeita. Ainda assim, o ônus da permanência da "ineficiente" recairia sobre a Chefe do Executivo que se omitira por seu desligamento dado o prejuizo que estaria causando ao não dar solução de continuidade aos problemas.
Em condições normais, diante de tantas questões (que se diz levantadas pela imprensa), a prefeita pegaria o telefone e cobraria: o que é isto aí!! A responsabilidade final é da Chefe do Executivo. Ali colocada pelo eleitor justamente para isto: cobrar e executar. É a Chefe da Execução.
É justificativa desarrazoada argumentar, agora, que a prefeita não o fizera para poupar a ex-secretária. Mais ainda se considerarmos o currículo da ex-secretária, que comandou a Educação estadual por quatro governos, exerceu cargo na administração de Gurupi e no Senar. E este não é o histórico de uma gestora incompetente ou com ficha corrida.
De outro modo: o cuidado que a ex-secretária tem demonstrado para não criticar a prefeita diretamente, o entorno de Cínthia tem feito na direção justamente oposta.
Movimento que pode não levar ativos à prefeita. Pelo contrário.