A senadora Dorinha Seabra dá mostras de que ela própria começa a incomodar-se com o “salto alto” na pré-candidatura e pré-campanha a governo. Mas não o retira, sugerindo que não tenha medo de cair.
Tentou, no entanto, de forma retórica e transversal, ver-se livre dele ontem em declarações que lhe são atribuídas pelo Gazeta.
Sujeitando-se, óbvio, à dedução da confirmação de sua existência como estrela ascendente (mas com sinalização descendente com o fato o comprova) numa confissão insofismável.
Tipo: Gaguim é meu candidato, e daí? Ninguém tem nada com isso!!!
Dorinha teria dito que defendeu o deputado Carlos Gaguim(na semana passada) para senador do seu partido (UB) como o presidente nacional do PP (Ciro Nogueira) defenderia o deputado Vicentinho Jr.
Ciro, senador do Piauí, ex-ministro de Bolsonaro, não veio ao Estado para defender Vicentinho em pleno processo de avaliação de candidatura.
E é provável que se fizesse uma imersão dessas no Estado alheio, não tivesse êxito dado que não tem eleitores no Tocantins como Dorinha. Não é dado a comer alfafa.
Além do mais, a Federação UB/PP ainda não foi oficializada/registrada. Pode até não se realizar.
Não parou por aí a Senadora/candidata: “Eu não sei porque tem tanta gente querendo cuidar do partido. Alguns que nunca nem disputaram a eleição e estão muito preocupados com essa questão de diálogo”.
Corolário:não seria para preocupar decisões sem diálogo. Isto, claro, por mera lógica, levaria decisões sem diálogo a representarem o que de fato são: sem diálogo.
Mas com a predicação predisposta de que fosse melhor processar que dialogar uma escolha imperial. Na politica, isto tem nome e sobrenome.
Obviamente a sugestão de afastamento do público daquilo que é...público não é sinônimo de transparência.
A Senadora parece ignorar que não se trata de assunto pessoal, de relações privadas. Isto na cadeira de governador é uma bomba armada à espera de oportunidade.
Pode ter sido apenas mais um ato falho da professora-senadora, mas ignorá-lo, sob a perspectiva tanto psicológica quanto política, não seria o mais adequado.
Os 37 prefeitos eleitos pelo UB no ano passado dizem respeito a meio milhão de eleitores (algo próximo de 43% do eleitorado do Estado).
A própria senadora foi eleita em 2022 com sua campanha totalmente paga pelo Fundo de Financiamento de Campanha (FEC). Um fundo público formado com dinheiro do contribuinte.
Dorinha gastou R$ 3 milhões e 275 mil (conforme sua prestação de contas). Destes, R$ 3 milhões da direção nacional do UB e outros R$ 366 mil da estadual do União Brasil. Não gastou um centavo do seu bolso. Pela conta, teve sobra.
Foi buscar seu mandato, como está no TSE, com dinheiro público. Dentro das leis, claro, mas, como presidente estadual da legenda, deveria mais transparência à equidade.
No país, no ano passado, o UB foi contemplado com R$ 536 milhões (meio bilhão) para a campanha de seus prefeitos. Dinheiro da viúva.
A mesma equação que fez o UB adquirir a vaga de Dorinha no Senado na chapa de Wanderlei, quando o partido da parlamentar investiu R$ 5 milhões (fundo eleitoral/público) na campanha do governador.
Cinco vezes o R$ 1,1 milhão que o Republicanos destinou a Wanderlei. O UB bancou 76% de toda a campanha do Governador. E não se vê o Governador escolhendo Dorinha para 2026 sem diálogo como pagamento de 2022. Tem-se aí um bom parâmetro como referencial.
Dorinha não tem do que reclamar: saiu das urnas com 395 mil votos (50,42%), na linha da votação do governador eleito (58,14%). Depois de ter vindo de uma eleição para deputada federal (2018) quando teve 6,71% dos votos. Um pouco mais que os 6,29% de Gaguim e menos do que os 6,97% de Vicentinho.
Senadora, Dorinha eleitoralmente, é dado reconhecer por suas próprias ações e omissões, se movimenta como Gaguim para convencer eleitores que pode governar o Estado.
Não é um bom indicativo, a leivosia que aparenta demonstrar na sua pré-campanha, dividindo mais ainda um grupo que ainda não foi oficializado e que poderia dar-lhe sustento na disputa pelo Palácio.
Amélio e Wanderlei devem estar dando risadas no Vão do Taquaruçu.
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