Na campanha eleitoral a prefeito de 2000 em Palmas, o ex-prefeito Raul Filho (já no PPS) saiu léguas à frente da candidata governista, Nilmar Ruiz (PFL), nas pesquisas de pré-campanha. Foi derrotado por Nilmar por 49,56%  a 46,07%, Raul já havia sido derrotado em 1.996 (pelo PSDB) – sucessão de Eduardo Siqueira - para outro governista, Odir Rocha (PPB), por 44,62% a 33,66%.

O presidente da República era Fernando Henrique, do PSDB, que, junto com José Serra, entregaria mais tarde o partido a Siqueira Campos e Eduardo Siqueira, defenestrando o então deputado Paulo Mourão da presidência da legenda.

O grupo retirou ilegalmente Mourão da campanha eleitoral no rádio e TV em 2002. Raul era candidato ao Senado e desistiu no meio. Mourão ficou sem propaganda eleitoral durante toda a campanha por obra de Siqueira.

Com o aval inacreditável e indescritível dos desembargadores do Tribunal Regional Eleitoral. Decisão derrubada pelos tribunais superiores quando a eleição já decorrera.

Até o mês de junho do ano eleitoral de 96, Raul estava disparado na frente. E aí subiu no salto e passou a disparar contra a Organização Jaime Câmara e jornalistas que lhe deram espaço quando ninguém nele acreditava.

Era, com efeito, apenas um siqueirista de raiz rebelando-se contra Siqueira sem condenar-lhes os métodos e princípios. Intenção contrariando o gesto ou vice-versa.

Raul então filiou-se ao PT na terceira tentativa de eleger-se e trouxe o PMDB para seu lado na campanha a prefeito de 2004. Teve no palanque a então ministra Dilma Roussef (representando o eleito presidente Lula) que fez discurso ali na Avenida Palmas Brasil.

Era apenas uma senhorinha de óculos com jeito de intelectual e um discurso mal elaborado difícil até mesmo de se redigir o que falara. Não se sabe se mais prejudicou que ajudou Raul. Na verdade, o eleitor cansara-se do siqueirismo e do Palácio mandar no Paço.

No dia do comício, de uma hora para outra, faltou energia. Os petistas o atribuíram a Siqueira Campos que tinha Nilmar Ruiz candidata à reeleição. Perdeu para Raul por espantosos 64,46% dos votos a 32,67% com a máquina da prefeitura e do governo ao seu lado.

Agora, decorridos 19 anos, a política no Estado parece retomar esse eixo anacrônico:governos fazendo uso da máquina para eleger prefeitos escolhidos. Uma moeda que tem outra face: prefeitos não escolhidos pelos governos, mas pela população, teriam como paga o "fogo do inferno".

Ainda que a festa seja bancada pelo bolso de sagrados e profanos e governadores e prefeitos não vendam gado ou fazenda para pagar campanha de pretensos aliados. Ou se desfaçam de patrimônios pessoais para pagar festas a eleitores que os elegem. A viúva sabe disso.

Intenção novamente contrariando o gesto. É conhecida a regularidade e a não discricionariedade que tem promovido o governo na distribuição de recursos a municípios,independente de partido ou aliança política. Situação que termina por ser contaminada pelo viés eleitoral passional aqui e acolá.

Na madrugada de hoje, a desembargadora Angela Prudente (plantonista) – que é esposa do vice-governador Laurez Moreira – derrubou às 1h15 uma decisão de um juiz de Araguaína (Alvaro Nascimento Cunha), proferidas às 21h18 de ontem cancelando o show de uma tal Manu Bahtidão na festa (programada pelo governo) pelo aniversário de Araguaína.

Evidente que não haveria argumento sustentável pelo Ministério Público para suspender o show com as razões colocadas. A desembargadora decidiu corretamente. O problema é de outra natureza: político.

Prefeitura e governo colocaram de lado o morador da cidade em favor de suas pretensões eleitorais. Haverá dois shows: um do candidato do governo (deputado Jorge Frederico) e outro do prefeito com direito à reeleição, Wagner Rodrigues, hoje filiado ao União Brasil, ainda aliado do Palácio.

Frederico quer que o eleitor entenda que não é ele o responsável pela divisão. Pior: que não haveria divisão. Seria apenas um show promovido pelo governo.

 É como se governo ignorasse a vontade do eleitor da cidade que preferiu por 50,58% (contra 37% do candidato governista) eleger um prefeito de oposição ao governo. E que se note: antes de Wanderlei tomar posse.

Era até então apenas um vice contrariado com o tratamento que lhes dava o titular do governo. No que se aproximava, na motivação política, do próprio grupo do agora inaproximável Wagner.

Justamente na oposição a Mauro Carlesse, por razões que tivesse (sentia-se alijado do governo), que viria a suceder por decisão do STJ e não por vontade própria do Chefe do Executivo estadual. Carlesse apoiou Elenil contra Wagner.

Hoje, Elenil é secretário do governo e vai pedir votos a Frederico a pedido de Wanderlei. Apenas uma dança de cadeiras no mesmo samba-canção.

Ou fizesse a separação entre os eleitores de Wanderlei Barbosa e os de Ronaldo Dimas. O ex-prefeito de Araguaína teve 46% dos votos dos araguainenses para governador. Wanderlei conquistou 41% no ano passado.

Uma divisão que, à luz da razão e da coisa pública, se encerraria com o resultado das urnas. E estamos ainda a um ano das eleições municipais.

De outro  modo: é o velho vestindo-se com roupa velha e querendo que o vejam como o novo.

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