O Diário Oficial publicou ontem a exoneração do ex-secretário Jairo Mariano como a pedido. O expediente difere da mudança do Comandante do Corpo de Bombeiros na semana passada que foi simplesmente exonerado. Ambos, os cargos, na estrutura administrativa, tem o mesmo status de Secretaria.
Jairo, diz-se, quanto à forma, que teria entregado o cargo (tese defendida por auxiliares diretos de Wanderlei e deputados aliados) que, por lógico, não era dele. Um eufemismo recorrente. E sim daquele com autoridade política e legal para nomeá-lo. E que se note: entregar o cargo é diferente de pedir demissão. Pouco percebido, mas relevante como uma patada de elefante.
Jairo Mariano fazia campanha para prefeito de Palmas de forma declarada. Um direito mas o fazia quando o Governador reiterava que só entrará no processo no prazo eleitoral. Por enquando,ocupa-se, muito apropriadamente, em administrar o Estado.
A estratégia de Wanderlei mira também não "espalhar" potenciais aliados. E em grupos políticos não há candidaturas avulsas, sem composição.
Caso contrário, os aliados diriam: se o governador quer acordos, não pode fazê-lo apoiando um secretário candidato!! Ou seja, até mesmo para que o secretário fosse ungido o candidato, necessitaria uma ação mais coordenada para ser exposta amadurecida.
Outra ponta do raciocínio lembra que, como Secretário, Jairo poderia, pela legislação eleitoral, ficar no cargo até abril de 2024 se quisesse disputar a eleição em Palmas ou Pedro Afonso onde já foi prefeito.
Isto nos leva a outro raciocínio: demitindo-se (ou demitido) Jairo ficará sem poder político cinco meses antes!!! Tanto para Palmas como para Pedro Afonso. Somando o prazo legal de desincompatibilização, quase um ano sem poder político, sem cargos públicos, sem ativos a entregar ao eleitor, na chuva.
Como eleitoralmente uma perda dessas não é ativo eleitoral que se disponha a entregar, haveria questão de maior valor para Mariano a impulsionar-lhe a entregar o cargo. Reforçando, por lógico, as razões que teria o governo pelo seu pronto-atendimento por aquele que o recebeu.
Muito eloquente, assim,que, decorrido um dia da demissão, o governo ainda não viesse a público expressar um agradecimento, que seja, ao agora ex-secretário da Governadoria que já comandou a Fazenda e a Infraestrutura. Desmistificando o armistício criado por intermédio da imprensa de que a saída tivesse sido amistosa.
Como é notório, ao exercer três dos principas cargos da administração. estaria realçado, por parte do governo, o grau de confiança, ainda que tecnicamente houvesse dúvidas de que suas credenciais tivessem melhorado o serviço prestado ao público. Sobraria o outro ponto: o político.
Wanderlei, agora, tem que encontrar um aliado de confiança para o cargo ocupado interinamente. E atacar a desconfiança que pode brotar nos aliados.
Deve-se, por exemplo, a Jairo Mariano, em larga medida, a escolha do vice, Laurez Moreira, na chapa majoritária de 2022. Jairo foi presidente da ATM e integra o PDT de Laurez.
Laurez conta, legitimamente, as horas para assumir o cargo de governador na eventual renúncia de Wanderlei para disputar o Senado quando certamente o governador necessitará do PDT (tempo de tv, rádio e fundo eleitoral) na campanha majoritária.
E da máquina que estará nas mãos de Laurez.