A BRK Ambiental tem esnobado não só os políticos com representação no Estado. Essa aí é a tabela de tarifas em vigor desde março/2023.
Uma tarifa residencial em Palmas pode chegar a até R$ 21,89/m3 para a residência que consome 10m3. Uma fatura de R$ 218,00 que, somados os 80% da taxa de esgoto, pula para R$ 392,00.
Mas atenção: se você não abrir a torneira paga a tarifa mínima de 5m3 que é de R$ 8,01 por m3. A conta fica, então, R$ 40,05 sem consumir uma gota de água. Como tem os 80% do esgoto, o cidadão, com a casa fechada, coloca no bolso da BRK Ambiental todo mês R$ 72,09.
Como a empresa não ofereceu serviço nenhum nem teve qualquer custo, é uma espécie de mais-valia do capitalismo sobre o couro do cidadão que luta por um emprego. No Estado quase metade da população economicamente ativa está fora do mercado. Algo próximo de meio milhão de pessoas.
A BRK tem contratos em cerca de 50 órgãos do poder público no Estado. Concessões que vão até 2049 (Porto Nacional). A de Palmas vai até 2032 (sem licitação). A maioria das concessões vence nos próximos cinco anos.
Deveria ser uma preocupação política da empresa, mas ela age como se fossem favas contadas as renovações.Dá mínima para compatibilizar preços/tarifas/lucro/renda da população. Parece denunciar que agiria no atacado. Ou seja, nos mandatários políticos.
Tem-se aí (fora a ação do MPE que está paralisada sem conhecimento dos motivos) a BRK teria razões suficientes para levar a sério a CPI da BRK que tramita na Câmara e que o CEO da empresa ignorou intimação solenemente esta semana (segunda-feira).
Simplesmente não compareceu, com justificativas facilmente derrubáveis, esnobando os artigos constitucionais que dão à CPI competência até para pedir prisão.
O grupo que é dono da BRK é formado pelo Brookfield (70%) e FI FGTS (30%). O grupo tem também 25,5% da VLI (que tem a concessão da Ferrovia Norte-Sul). Dois modos de exploração do ex-Norte de Goiás.
Esse grupo (BRK/Brookfield) registra nos seus relatórios (2023) ativos de R$ 4,5 trilhões (US$ 900 bilhões) em 30 países. Isto é 90 vezes o PIB do Estado do Tocantins. No Brasil, registrou em 2022 R$ 175 bilhões de ativos e receitas líquidas de R$ 36 bilhões. Só a BRK.
Já a VLI (que o grupo detém 25,5% das ações) teve receitas de R$ 3,9 bilhões em 2023. E um fluxo de caixa de R$ 4,9 bilhões (conforme seus relatórios publicados).
A BRK obteve, há cinco anos, anuência da prefeitura da Capital para um empréstimo de R$ 640 milhões na Caixa, prometendo aplicar R$ 250 milhões na Capital.
E teve sua concessão renovada sem licitação quando é uma empresa privada há mais de 20 anos. Público. E nos últimos anos obteve aportes federais como se estatal fosse.
Mais não bastasse, na primeira semana de março deste ano a empresa publicou fato relevante oferecendo debêntures de R$ 500 milhões. Ou seja, tomando emprestado meio bilhão de investidores interessados num juro bondoso. E quem vai pagar esses juros e os empréstimos da Caixa? Ora, você!!
Apesar disso tudo aí, a BRK não investiu o compromissado na anuência em Palmas, como informam os vereadores, é denunciada seguidamente por jogar esgotos em rios não só na Capital e pratica essa tarifa indecente aí de cima.
Ou seja, por um faturamento estadual situado na faixa de duas centenas de milhões (no Tocantins) pode ter sua imagem mundial comprometida por suas ações que contrariam a compilance que propaga nos continentes americano, europeu e asiático. Um deserto entre o que divulga e o que faz, contrastante com as preocupações com o meio ambiente e o clima mundiais.
Agravado pelo fato de que o Estado que explora com tarifas escandalosas (dados do Ministério do Desenvolvimento e Cidadania/dezembro/23) – e publicado em março – haveria no Estado 933 mil e 503 pessoas (dezembro/2023) no Cadastro Único de benefícios sociais do governo federal. E 480 mil e 610 pessoas estão no Bolsa Família (fev/2024).
Em dez anos (2013 a 2023) o número de pessoas com baixa ou nenhuma renda, assim, cresceu 238,2%.
Um incremento no CadÚnico de mais 658 mil pessoas aos 275 mil e 974 pessoas registradas em dezembro de 2013.
Em plena era tecnológica e das redes sociais, a BRK ainda não se sente à prova e à vista.
