O ex-deputado Eduardo Siqueira, que é pré-candidato a prefeito de Palmas, tendo recebido apoio público novamente de Siqueira Campos uma semana antes de sua morte, exerceu uma boa administração na Capital (93/96) - é público e acompanhei de perto – apesar dos problemas de saúde que enfrentou,
Tinha um competente secretário da Fazenda (Adjair de Lima), de Infraestrutura (José Franscico dos Santos) e uma leal vice-prefeita, a professora Marisa Sales, que tocavam a prefeitura nos afastamentos do prefeito para tratamento no exterior. Marisa (que também foi vereadora de Palmas) que é prima de Fenelon Barbosa, o prefeito eleito de Taquarussu que entregou o município para Siqueira implantar Palmas.
E que, fora da prefeitura, viu-se perseguido pelo siqueirismo e teve que ir para o MDB com a família. Os filhos mais conhecidos hoje são Marilon (vereador), Berenice (Secretária da Mulher) e o governador Wanderlei Barbosa. Alguns tiveram que entrar na Justiça após passarem em concursos públicos e serem alijados da contratação pelo siqueirismo. Na apropriação do FPM, Fenelon teve que sair de Palmas para não assinar o convênio prejudicial à cidade. Escondeu-se em Almas (no Sudeste do Estdo), Não teve jeito.
Fenelon que, mesmo tendo os recursos da Capital, na sua administração, apropriados pelo governo (Siqueira) com aquele convênio fajuto, por inconstitucional, entre Palácio Araguaia e Assembléia (que era presidida por Raimundo Boi) transferindo o FPM para Siqueira quando o Estado já tinha o FPE e as antecipações de 640 mil obrigações do tesouro nacional (determinadas pela Constituinte) para implantação do Estado.
Ainda assim, Fenelon teve seu nome ligado a desvios pelos siquerismo que o queria derrotado para deputado e via-lhe como um adversário dado as suas raízes não só políticas. Isto é história e não a estória contada. Presenciei a disputa política à época. E antes dela.
Mas, paradoxalmente, determinadas situações expostas na morte de Siqueira e minimizadas (quando não ocultadas) na espécie de "canonização" do ex-governador tentada pelos siqueiristas, negam a versão pública siqueirista no silêncio, contaminando os ativos do ex-deputado Edaurdo Siqueira para 2024.
Não é desprezível a informação realçada pela jornalista Sandra Miranda,radicada na região desde antes da criação do Estado ( primeiro com O Regional e depois Primeira Página) da ausência de cinco filhos de Siqueira com Dona Aureny no seu velório e sepultamento: Thelma Siqueira Campos, Stela Siqueira Campos, Regina Siqueira Campos, Uillemá e José Wilson Siqueira Campos Junior.
Sem adentrar em questões pessoais, relações paternal e filial e o sentimento que os une ou os afasta, alguns com conhecido potencial político para disputar mandatos, mas que foram impedidos. Não muito diferente, na intenção e gesto, da resistência de Siqueira a aceitar o filho que teve (com uma servidora da Câmara de Colinas) fora do casamento com Dona Aureny que necessitou de ação judicial para ser reconhecido.
Ainda que fosse, o rapaz, a fotocópia da cara do pai. Escrevi muito sobre isto na metade dos ano 90. Entrevistei o próprio filho lá na redação e o então secretário da Fazenda do governo Siqueira, Adjair Lima, que foi à redação me explicar a situação, tentando contornar o problema que não era problema nenhum. Apenas um pai reconhecer um filho ou não de que a estética não levantava qualquer dúvida o que levava o não reconhecimento (e o sigilo que se tentava dar ao fato) para outra perspetiva de observação..
Não é desconhecido, por exemplo, o trabalho de Thelma Siqueira na área social (foi Secretária de Ação Social) nem o tino político de Junior Siqueira (que quando tentou ser candidato contra a vontade do pai foi tachado de desequilibrado pelo siqueirismo mesmo sendo um empresário conhecido), que tiveram que abrir mão em favor do projeto de Siqueira que queria apenas Eduardo como seu herdeiro político.
Não sem razão, Eduardo foi o governador de fato em todos os governos de Siqueira. São os fatos. E dona Aureny foi "o pilar" , não só da vida de Siqueira, mas de todas as suas campanhas. Era o "trator" por trás do ex-governador. Além, claro, de cuidar da família.
Políticos, não raro, deixam famílias de lado em função de seus projetos. Siqueira a homenageou, não por acaso, com o nome de quatro bairros populares de Palmas: Aureny I, II, III e IV. Aureny era o lado humano de Siqueira. Como Dona Maria Rosa era o trator de Fenelon.Uma característica herdada do pai, João Comprido, um líder politico portuenses. Dai ser também nome de bairro em Palmas: Conjunto Maria Rosa, em Taquaralto que o marido testemunhou nascer como Taquaral, o entroncamento de Taquarussu.
Muitos políticos daquela época (da criação de Palmas) hoje deputados federais ou em outros cargos – que eram rifados por Eduardo e Siqueira - , devem suas oportunidades a ela, Dona Aureny, que alimentava os "peões" para que Siqueira fosse o "rei" do xadrez que tinha, na verdade, uma "rainha".
Os cinco filhos que não compareceram ao sepultamento do pai completam, com o sexto (Eduardo) que lá esteve, aquela foto histórica de Siqueira e Dona Aureny com a família na chegada a Colinas. E também o monumento à família na Praça dos Girassóis.
Compõe um símbolo de pioneirismo de Siqueira no Estado, sua bravura que perspegou em todas as suas campanhas, tanto para a Câmara dos Deputados como para governador do Estado.
Aquele Siqueira com a família ao lado de um caminhão velho (com que saía revendendo BHC no interior do país para sustentar filhos) que só mesmo com muito custo se identificaria ser um fenemê varguista (do Estado novo) ou chevrolet ou Ford do governo constitucionalista anterior do mesmo Vargas.
Era o Siqueira Familia como os sertanejos do ex-Norte. E aí a comparação inevitável (não por obra da família que se opunha a seus métodos, mas do próprio Siqueira) com a família de Fenelon Barbosa, criada no vão do Taquarussu e São João, para ficar só no processo histórico da Capital. E que viu o filho, Wanderlei, ser eleito governador do Estado pelo voto popular, meta perseguida por Siqueira para Eduardo em 35 anos!
Ademais, filhos não comparecendo à última despedida de um pai. A não foto não despertou a atenção dos jornalistas que escolheram "o choro servil" nas suas coberturas e pautas. Ao desenrolar da história, como o fazem acerca da criação do Estado.
Com efeito, os jornalistas mais antigos (muitos que choravam na semana passada) aguardavam o Natal todos os anos quando Siqueira os chamava à sua residência e distribuía-lhes presentinhos em envelopes. Fato inegável por público à época. E considerado até inocente nas finalidades e necessidades. Tal como a distribuição de cargos no TCE, TJ, MPE.
Evidentemente que haviam as honrosas exceções na categoria dos jornalistas e dos servidores, justiça lhes seja feita, que não comungavam a mesma eucaristia. Pelo contrário. E eram, portanto, alijadas da comunhão de criação do Estado.
Nunca fui a estes encontros. Só sabia depois porque não era de frequentar (como ainda não o faço) o Palácio e a Residência Oficial de Governador. Não sou setorista. E como chefiava uma equipe (representando uma empresa) tinha escrúpulos e cérebro suficientes para vislumbrar as intenções políticas do ex-governador. Mais na cobertura que lhe fosse favorável do que nas necessidades diárias dos jornalistas. Não se pode negar-lhe êxito hoje.
Para a turma, entretanto, era uma ajuda bem-vinda com os salários pagos então (que mantém até hoje) pelas empresas. No que deixavam de lado a origem pública da grana, quando os "orêa seca" abriam valas com picaretas nas ruas de Palmas no sol do meio dia por uns trocados.
E que, por outro lado, encobria fatos históricos como a determinação da Constituinte para que a Capital fosse instalada no centro do Estado. Até hoje dedica-se a escolha a Siqueira (tem até aquela foto no avião sobrevoando Canela) para dar valor de face e substância à versão siqueiriista. A parte pelo todo. Siqueira apenas cumpria a determinação da Constituinte e não seu livre-árbítrio histórico.
Mas está lá, a decisão da Constituinte atendendo às entidades que protocolaram as emendas de criação do Tocantins. Leiam o parágrafo 2º do artigo 438, do Titulo X (Disposições transitórias) na Comissão de Sistematização da Constituinte.
§ 29 - O Executivo Federal fixará um município como sede provisória do governo do Estado, obedecido o crítério da centralização geográfica, até a aprovação da Capital pela Assembéia Legislativa do Estado do Tocantlns.
Isto aí foi o que impeliu o Exército a proibir a implantação da Capital em Araguaína (depois de denúncia de O Popular, diário da Organização Jaime Câmara), onde os empresários despejaram seus investimentos acreditando nas promessas de Siqueira e José Sarney.
De outro modo: a não participação de cinco filhos de Siqueira no seu velório e sepultamento (filhos com Dona Aureny) expõe o moto-´contínuo do outro lado da história.