A Justiça do Estado foi exposta nos últimos dias com aquela decisão judicial contra o DCM. Foram necessárias interlocuções políticas entre Executivo e Judiciário para a suspensão da decisão que envolvia, por óbvio, interesses particulares. E não públicos.

Mas não é a primeira decisão teratológica dos desembargadores. No último dia 17 de junho (Edital 289/24), o TJ publicou em sua página acordo feito com a Procuradoria Geral do Estado. Isto mesmo: TJ e PGE. 

Por ele, os detentores de precatórios (títulos/dívidas do governo com fornecedores determinadas pela Justiça) inscritos até 2 de abril de 2023 na lista de ordem cronológica do Estado do Tocantins, poderiam aderir um acordo direto e liquidar seus débitos antecipadamente com deságio de 20% a 40%, dependendo do grupo a que pertençam. Ou seja, se aceitassem receber menos da metade do que tem direito, receberiam a grana.

Consequência óbvia: acordo direto com o credor (sem o advogado). Agravada com a pressão: se o credor não aceitar o deságio (do acordo entre PGE/TJ e sem a OAB), vai para o final da fila do precatório!!! É possível imaginar o conflito entre o advogado e o credor que representa. E o ganho do governo, ainda que as receitas  tem abarrotado os cofres públicos. Quem sabe sobre para as URVs dos servidores do Tribunal.

Computando as disponibilidades de caixa do governo, os precatórios e a ajudinha do acordo com deságio de 40%, PGE e TJ estariam, à primeira vista, favorecendo o caixa do governo em desfavor do credor. E sem a contrariedade pública da OAB que representa os advogados.

Para se ter uma noção disso:  no RGF do 1º quadrimestre de 2024, o governo publicou uma dívida de R$ 991 milhões com precatórios não pagos.

O governo é obrigado, por lei, a repassar ao Tribunal de Justiça 1,5% da RCL para quitar os precatórios.

Isto no 1º quadrimestre, com uma RCL publicada de R$ 13,602 bilhões, seria R$ 204 milhões ao ano. Ou R$ 17 milhões todo mês.

Mas de janeiro a maio deste ano, o governo repassou apenas R$ 14,9 milhões de parcela (mensal) para o TJ. Destes R$ 5,9 milhões (40%) foram para os tais acordos com deságio. Aqueles que decidiram ficar na fila tiveram apenas R$ 9 milhões.

Mas governo e TJ não estão pagado sequer os RPV, os tais Recibos de Pequeno Valor.

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7 Comentário(s)

  • LEONICE NASCIMENTO
    13/08/2024

    Sou professora aposentada do município de Cruz das Almas Bahia,aqui nem tem previsão quando vai iniciar o pagamento do precatório, salário baixíssimo de aposentadoria, estou gastando todo com minha saúde,o que nos assegura, diante de tanto descaso, Deus tenha misericórdia, trabalhamos a vida inteira e depois ficamos com a fatia menor em todos os sentidos.

  • JOSE ANTONIO MOREIRA DA SILVA
    13/08/2024

    Sou advogado e em causa própria 2 precatorio- governo de sp

  • Marcos Fernandes
    12/08/2024

    Os preterimentos são atualmente explícitos. Quem mesmo tiver chegado na ordem da fila para receber do orçamento de 2022 ou anteriores, NÃO RECEBEM ,quequem recebe,primeiro , furando a fila e quem aceitar esse acordo dos governos. Recebe primeiro, se aceitar, mesmo que seja um orçamento de 2024. Isso é um desrespeito aos precaristas que NÃO ACEITAREM ESSES ACORDDS. ISSO NÃO ÉHB IMPROBIDADE Administrativa?

  • Dilma Borges de Souza de Oliveira
    10/08/2024

    Tenho na Justiça TRT9 questão trabalhista desde 2010 e outra de 2017, Passou a pandemia nem me lembrou,estou doente pagando médico porquê nos postos de Saúde não existe especialistas .Ande está o direito dos idosos ,hoje Tenho setenta anos completo , trabalhei na educação me aposentei com um salário mínimo .Onde está o nossos direitos # morrer de fome morrer com úlceras na fila do SUS porquê não mais temos dignidade para nosso País .?

  • Cleonice Costa
    10/08/2024

    Já estou com 83 anos preciso tanto desse dinheiro mas a PMSP é o estado nem se preocupa em nos pagar será que vcs não tem dó de funcionários estaduais e municipais trabalhamos tanto e ninguém liga pra nós nem aumento de salário nem precatorios

  • António.
    09/08/2024

    Uma verdadeira vergonha este desgoverno. Eles cria dificuldades pra ter facilidade pra eles. Vai um cidadão pagar uma dívida pública avista e fala pra eles da 40% de desconto. Fazem os coitados que tem precatórios pra receber esperar anos na fila pra receber. Muitos morrem nem recebe. Vergonhoso

  • Marcos Lima Curvello
    09/08/2024

    A pessoa passa a vida esperando e ainda tem que dar 30% pro advogado e 40% pro governador, isto é uma vergonha . Gente Olho grande ....

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