Os políticos (com mandato e sem mandato) buscam dar à venda de 15% das ações do governo na Energisa demonstração de que o Executivo estaria “vendendo” o Estado ou entregando patrimônio público. Neste caso em particular, haveriam controvérsias que deveriam se submetidas a crivos necessários.
Defesa do Estado mínimo e da livre iniciativa seria pressuposto incondicional de conservadores mas submetidos a conveniências políticas circunstanciais, prevaleceria o Estado máximo.
Esta é a quarta comercialização de ações da Energisa feita pelo governo. Vejamos.
Em 2014 (Siqueira Campos/Sandoval) o governo entregou o controle acionário (11 de abril/participação reduzida para 49,14%) e em 8 de julho ele vendeu mais ações: reduziu a participação para 40,14%. O mundo não caiu no buraco negro.
Dois dias depois, 11 de julho de 2014, Siqueira comercializou mais ações, reduzindo a participação do governo na empresa para 28,58%.
Era ano eleitoral e Siqueira trabalhava a reeleição de Sandoval. Quer mais ingredientes do que estes? Mas ninguém foi na tribuna do Senado ou da Câmara dos Deputados protestar.
A última venda ocorreu em Marcelo Miranda (30 de setembro de 2016) quando a participação foi reduzida para os atuais 23,33%. Fora o bumbo deste blog (como em 2014) a notícia ficou só ...na notícia.
As ações do governo na Energisa, na verdade, estão derretendo desde 2014. Naquele ano (Siqueira/Sandoval), a participação do governo caiu 20,56 pontos percentuais (72,7%).
Caiu de 49,14% para 28,56%. Em apenas um ano!!! E eleitoral. Em 2016 (Marcelo Miranda) ela foi reduzida até os atuais 23,33%.
Significa que quanto mais o governo demorar a repassá-las (as ações) mais perde. A não ser que remaneja recursos para integralizar ou subscrever capital.
Há razões políticas e técnicas para a redução. No governo Siqueira/Sandoval, a explicação foi dação de pagamento de dívida na companhia, aumento do capital social da empresa (não subscrito pelo governo) de R$ 148,6 milhões, agrupamento de ações. Já em Marcelo Miranda também justificou com aumento de capital da empresa (não subscrito pelo governo) de R$ 152,6 milhões.
Cada aumento de capital, o governo,como acionista, tem que aplicar valor correspondente. Ou seja, é pegar ou largar.
Wanderlei quer comercializar 15% dos 23,3% ainda existentes. Se demorar, o governo não terá, a médio prazo, nada a reivindicar na empresa, tomado por aumento de capital, quando, sem grana para subscrever, entregará de graça o patrimônio.
E o que falta? Fiscalização na aplicação dos recursos auferidos!!