O Tribunal de Justiça inocentou, em outubro, a ex-presidente Willamara Leila, de improbidade administrativa, decorrente das investigações da Operação Maet.
Decorridos 12 anos do processo, evidentemente os desembargadores fizeram uso das alterações na lei de improbidade que descarta aquelas em que o poder público não precisasse ser ressarcido. Ou seja, sem dano ao erário. Mas há outras acusações.
É óbvio que, obrigada a defender-se em processos que se arrastam indefinidamente (e talvez indevidamente), a Desembargadora estaria submetida a um castigo desproporcional à pena que seria, se culpada, punida.
Isto levaria a outra conclusão consequente: uma acusação que não consegue em mais de dez anos convencer a Justiça a atender-lhe nos pedidos, carregaria, por certo, um componente a ser investigado.
Seja por uma suposta parcialidade da acusação (sem provas) ou da própria Justiça no atraso que, administrativamente, favoreceria os acusados em desfavor das acusações. Em ambos, prejuízo moral aos investigados causado pelo próprio sistema judicial.
Willamara Leila lança nesta sexta um e-book sobre a história. Pelos trechos já tornados públicos, seria um livro carregado de emoção e impressões pessoais sobre as motivações políticas da Operação Maet.
Uma teoria conspiratória, portanto, de doze anos, tempo que o processo se movimenta inconcluso. E Willamara tenha sido aposentada compulsoriamente pelo CNJ.
A tese tem suas falhas tal a movimentação processual mas a desembargadora exerce o seu direito de expressão que o faz como a defesa de sua própria honra, que lhe é legítimo e de direito. Só aquele que passa por situação semelhante tem condições de avaliar seus danos.
A movimentação do processo, entretanto, consagra a Willamara a figura de vítima, como de fato é, das circunstâncias. De forma que o passar dos anos como acusada, “quanto mais o tempo avança, quanto mais perdura seu exílio, tanto mais cresce a ânsia de voltar e a impossibilidade de saciá-la”, como diria o filósofo mexicano Adolfo Sanchez Vásquez.
Até que o exílio aproxima-se do seu fim, desaparecem ou começam a desaparecer as condições que lhe deram origem. Como escrevia Sanchez: Pode-se voltar, se esse é o desejo. Mas se pode querer?
É como o sentir tomasse de volta o empirismo que o esvaziara. Willamara faz bem em contar a sua história.