O Estado recebe na próxima sexta as doses da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos. O governo ontem reuniu o comitê de crise para avaliar a situação do covid-19 no Tocantins que, pelos números, exigiria mais providência do que análises. Em 12 dias de janeiro já registrava 95% dos casos anotados em todo o mês de dezembro. Vacinas estocadas com apenas 51,85% da população imunizada. O pior desempenho do país.

Na reunião de ontem (divulgou o governo) o Estado faria um levantamento para descobrir os profissionais de Educação que ainda não se vacinaram. Obviamente, uma decisão burocrática e contraproducente em circunstâncias tais, porque outros Estados no país, com melhor cobertura vacinal que a do Tocantins, já estão obrigando todos os funcionários a se vacinarem sob pena de punição administrativa e até demissão de comissionados.

Ou seja, o governo ao invés de cobrar a vacinação dentro de sua própria casa, quer ainda descobrir quem não vacinou!!! E as aulas nas escolas públicas serão retomadas nos próximos dias com o recrudescimento de casos e óbitos em crianças. Política impura ou avaliação/administração inadequada (e temerária) de consequências.

Wanderlei, entretanto, saiu da reunião com um discurso coerente e, com sua facilidade para comunicar-se na linguagem popular, pode obter maior êxito nas medidas que anunciou do que no desenvolvimento da estratégia elaborada que, a priori, seria mais um descarrego de responsabilidades burocráticas no ritmo de valsa quando o vírus dança frevo e samba.

Wanderlei Barbosa é, não raro, por estas e outras, escrutinado politicamente nas suas ações à frente do governo. Determinados movimentos são observados mais como eminentemente eleitoreiros que não corresponderiam, na exata proporção e igual intensidade, às demandas públicas.

Subtraindo os exageros retóricos (e pontuais anacronismos) do Palácio Araguaia, o desconforto da crítica a Wanderlei pode residir, contraditoriamente, em maior medida, no incômodo que sua movimentação como governador pelo Estado tem proporcionado a presumíveis adversários no avanço sobre mesma massa eleitoral.

Haveria, com efeito, indicadores para preocupação mais em certas decisões que podem vir a comprometer o ajuste fiscal (empréstimos e aumento da despesa com salários) – paradoxalmente `ao discurso teórico de rigidez de gastos e higidez financeira– do que na agenda que Wanderlei empreende pelo Estado.

Mas ir contra empréstimo para obras (mesmo com o superávit financeiro e orçamentário) e salários, não passa pela programação da mesma massa crítica, emprestando a ambas as situações idêntica natureza política.  Ou seja, na crítica, zero a zero.

No governo, como é público, Wanderlei segue, na prática, igual estratégia de quando apenas vice. Não é, portanto, a movimentação, desdobramento do novo cargo. Há pelo menos dois anos, sem a caneta, o governador percorre os municípios e não se pode negar-lhe a possibilidade aumentada, agora, no exercício da governadoria com a legitimidade, discricionariedade e legalidade constitucionais.

O resto é ciumeira política e receio de perda de terreno. Como político, governador não pode deixar de fazer política só porque é governador. Até direito a disputar uma reeleição sem deixar o cargo lhe é garantido.

 

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