O governador afastado Wanderlei Barbosa foi arremessado ao liquidificador.

É compartilhada nas redes com cores de mais um escândalo reportagem da TV Anhanguera/Globo (ontem à noite) apontando gastos de R$ 430 milhões do governo com shows em três anos (Wanderlei governou por dois anos e dez meses).

E que isto daria para construir seis mil moradias. O valor gasto é fato (e a reportagem o sugere com propriedade) se constitui, inequivocadamente, um exagero num Estado de pobreza perene.

 Mas a  “denúncia”, não resta dúvida, tem, apesar disso, voluntária ou involuntariamente, um invólucro político.

Não tem as características dos fakes motivacionais do retorno de Wanderlei propagados por determinados portais.

Promove, entretanto, por tal, a sugestão de que Wanderlei não poderia retornar ao cargo. E que se aponte: não se está falando de  um artigo opinativo ou análise.

E sim de reportagem. Notícia e não de argumentos especulativos em que se permite a licença para se dizer o que se pensa.

Ainda que não houvesse qualquer conexão com a pauta do dia, ela cola em Wanderlei como mais uma impropriedade administrativa, quando o expediente é regrado tão somente pela vontade política.

E para dar sentido a ela, se é condescendente com o denunciado, dando-lhe o outroladismo tão necessário quanto óbvio: apesar de questionável do ponto de vista de prioridades públicas, patrocinar shows de festas religiosas, agropecuária, aniversários de municípios não tem nada de ilegal.

Na geometria política, o cálculo cria uma representação no imaginário da população. Acrescentando aos desavisados mais ingredientes aos inquéritos (não é nem mesmo ação, não há denúncia, portanto a culpa sequer foi formada) que investigam desvios em “cestas básicas”!!!

E o quê a contratação de shows teria com a investigação de cestas básicas (da busca e apreensão) para que o assunto nele pegasse carona? Nada!!!

Mas a conexão é induzida dando aparência e impulsionando um método dedutivo sobre premissas desligadas do objeto em questão.

No Judiciário, MPE/MPF/PGR e PF podem fazer uso dos métodos, mas tem o juiz para mediação. Na comunicação, não. E segue “bombando” nas redes.

O assunto nem é novo. O blog apontou os gastos com shows no início de outubro último (com números do mesmo Siafi).

E demonstrando o óbvio: o governo Laurez (que apontou os gastos) tentava lá atrás (com um mês de exercício) colar na gastança de shows um sentido perdulário e criminoso de Wanderlei.

Maior que os apontamentos da PF nas cestas. Nas cestas, os supostos desvios denunciados (pela operação) somariam R$ 73 milhões

E o quê mais? Um raciocínio, por mais raso que seja, levaria à conclusão óbvia que os shows são reivindicados por prefeitos (e população), atendidos por deputados (com suas emendas) e executado pelo governo. Expediente previsto em lei.

Ou seja, ainda que se crime houvesse, a autoria teria que ser apontada não só contra Wanderlei, mas todos os 139 prefeitos e deputados. O "escândalo" seria de proporção de toda representação política do Estado.

E não só responsabilidade do governador afastado.

Como se nota, políticamente, no que embaralha, a "denúncia de shows" - além de requentada -  prejudica mais que favorece o Palácio Araguaia, levado a ser considerado como adversário pelos moradores, prefeitos e deputados que dividem bônus e ônus dos gastos com shows.

 

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