Candidaturas presidenciais nunca influenciaram nas eleições no Estado. O ex-governador Siqueira Campos (então no PFL) bem que tentou o apoio de Fernando Henrique, conseguiu intervir no PSDB do Estado (botando a gata pra parir em Paulo Mourão, então pré-candidato do partido ao governo em 2002) e colocou o também então senador Eduardo Siqueira na presidência regional tucana.

Tinha o apoio de FHC e José Serra. Muito embora fosse uma estratégia de Siqueira para controlar todos os partidos do Estado e de quebra eleger o governador em 2002 (inicialmente a candidata era a então prefeita de Palmas, Nilmar Ruiz), eleger-se senador e reeleger o filho (duas vagas).

A estratégia era possível e até factível pela predominância política regional do ex-governador, mas tinha poucas probabilidades de êxito em face do escândalo que proporcionaria.

Isto porque só seria viabilizada se Eduardo renunciasse (estaria na metade do mandato de oito anos) para que a irmã, Estela Siqueira Campos (sua primeira suplente assumisse nos outros quatro anos) e ele, próprio, recandidatasse em 2002 junto com o pai ao Senado novamente.

Resumo: a três vagas no Senado seriam de uma mesma família: pai, filho e filha. O PSDB de FHC (e hoje de João Dória) caiu numa esparrela, claro, mas detonou a candidatura de Paulo Mourão. A estratégia não funcionou porque tinha muito para não dar certo pela arrogância política coronelista. Siqueira terminou sendo obrigado (pelo domínio de Brito Miranda sobre as lideranças estaduais) a entregar o cargo a Marcelo Miranda, o último a saber.

Naquelas eleições presidenciais de 2002, o Brasil escolheu Lula contra José Serra (já de Siqueira e Eduardo), com o petista sendo reeleito em seguida. O candidato do PT no Estado, entretanto, teve apenas 3,22% dos votos (2002) e 1,39% (2006). Em 2010, Dilma (PT) foi eleita presidente (de novo contra José Serra), e Siqueira (PSDB) elegeu-se governador. Em 2014, Dilma foi reeleita contra o tucano (de Siqueira) Aécio Neves e Marcelo Miranda (MDB) eleito no Estado.

Agora, Siqueira Campos filiou-se, ele próprio, no PL de Jair Bolsonaro e distribui apoio ao governador Wanderlei Barbosa, ainda sem partido. Tem até abril para filiar-se a uma legenda. Em 2018, Jair Bolsonaro foi eleito presidente, mas perdeu no Tocantins para Fernando Hadad (PT). A população elegeu governador Mauro Carlesse (PHS). O PSL de Jair Bolsonaro tinha como candidato ao governo, César Simoni, que amargou a penúltima votação (4,43%), só perdendo para o PSOL (0,31%).

Como está claro, uma possível eleição de Lula ou reeleição de Bolsonaro não significa (pelos números da Justiça Eleitoral) sinônimo de êxito de seus candidatos no Estado. Pelo contrário.

Pelo sim, pelo não, o governador Wanderlei Barbosa tem guardado distância e proximidade de ambos. Mas implementando uma prática diferente. Por exemplo: sua demonstração de preocupação com os atingidos pelas chuvas, não descansando no final de semana visitando as áreas e os impactados, pela empatia que demonstra com os problemas, diferencia-se, completamente, da conduta de Jair Bolsonaro nas enchentes na Bahia e que agora descem para o Sul do país.

Um indicativo de que pode estar longe de aceitar o pacto bolsonariano. Ainda que não deixe fora do seu perímetro as lideranças que com ele circunstancialmente se identificam.

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