Wanderlei Barbosa completa neste final de semana 45 dias à frente do governo. É um quarto (25%) do prazo de afastamento de Mauro Carlesse. Muito pouco. Vê-se, entretanto, numa observação calibrada não só apenas pelo senso comum mas pelo bom senso, uma administração segura ainda que se note aqui e ali ameaças de desequilíbrio da borrasca política recorrente no Estado.

Há recaídas pontuais do Chefe do Executivo a populismos desnecessários e indesejáveis, mas que não influenciam de forma mais decisiva no seu desmpenho administrativo. Sem verificação de racionalidades numéricas ou propositivas, o desempenho é  muito para o prazo decorrido de interinidade.

O mesmo senso comum  e bom senso que, com pouca margem de erro, enxergaria nesta calmaria administrativa razões para escolhê-la à continuidade da insegurança atinente ao processo judicial de retorno do governador afastado. Um retorno, por exemplo, pelo STJ não implicaria, necessariamente, na  não apreciação de um pedido de impeachment por crimes de responsabilidade no Legislativo estadual. Ou seja, crise não estancada.

Receio em larga medida fundado nas ações e reações do governador afastado, tanto no governo quanto nas relações com parlamentares, corporações de servidores e outros setores da sociedade com os quais cultivou, voluntária ou involuntariamente, arestas e que, defensores, agora, do seu não retorno, temeriam retaliações com a esperada lâmina baixa do trator de Carlesse de volta ao cargo. Caso ocorra, vai ter que administrar isso se aspirar outros projetos eleitorais.

Na verdade, o exíguo prazo de interinidade decorrido (de um afastamento inicial de 180 dias) comparado à aceitação do governo interino diz muito dos problemas, mais políticos do que técnicos, criados por ações e omissões do próprio Mauro Carlesse, levado a enfrentar, agora, essa rejeição ainda que tenha sido, do ponto de vista fiscal, o melhor administrador do Estado nas últimas duas décadas.

E apontava projetos que poderiam mudar a realidade do Estado como é o caso das concessões e do retorno de obras que estavam paralisadas ou não iniciadas como o Hospital Geral de Gurupi, de Araguaína e a ponte de Porto Nacional. Ou mesmo a duplicação das rodovias Palmas/Porto e Palmas/Paraíso.

Wanderlei vai costurando apoios, ainda que sob uma lâmina afiada que pode projetar-se sobre seu pescoço a qualquer hora.. A imprevisibilidade da decisão do STJ pelo retorno e a previsibilidade aparente dos 180 dias. Situação capaz de travar negociação de determinados apoios, como é o caso do impeachment no Legislativo.

Ou mesmo com prefeitos, como Cínthia Ribeiro, de Palmas que tem não só compromisso político, mas administrativo com o governo afastado. O governador interino já pontuou por uma aliança com a prefeita em torno da construção do Hospital Municipal.

Mas lá na Câmara, a pedra no sapato da prefeita é a presidente Janad Valcari, eleita por Wanderlei Barbosa num entendimento que envolveu até o irmão, Marilon Barbosa, que tinha direito (e possibilidade) de reeleger-se presidente do Legislativo municipal. Ou seja: a aliança depende de política e administração. E Palmas não é só o maior colégio eleitoral do Estado, mas a maior população e maior economia do Tocantins.

O governador interino, assim, se movimenta sobre um fio tênue: manter a excelência administrativa e atrair para seu lado a sociedade política que, certamente, exige um custo. Ainda que aparentemente tenha angariado apoios da sociedade o tic-tac do relógio não para.

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