A Secretaria de Saúde informou em nota ao T1 Notícias (da jornalista Roberta Tum) na noite de ontem que não procede a informação de que a instalação de dez leitos de UTIs Covid-19 no Hospital Regional de Porto Nacional (prevista para amanhã) levaria à desmobilização de leitos na Capital.

Vai além à nota atribuída à pasta: “A SES destaca que os 10 leitos de UTI em instalação em Porto são ampliação da oferta dos serviços, não substituição ou remoção de um lugar para outro.”

Não se tem razões para duvidar da justificativa da Secretaria. A informação, entretanto, ela não estaria completa: o governo não poderia removê-la porque as UTIs de Porto teriam sido autorizadas pelo Ministério da Saúde que determinou as habilitações.

Da forma como explicada pela Saúde, a justificativa  só atenderia a um viés político do governo espalhado na cidade por aliados e servidores dos sete deputados estaduais que teriam incentivado uma carreada pela cidade (quando a revolta nas redes sociais e ruas já vem de meses) cobrando  urgência nas UTIs. Só pode ser uma nova categoria de urgência: se os deputados tem a urgência urgentíssima, ter-se-ia agora a urgência anual.

A conclusão (que dizem não ser política) é que a decisão de Mauro Carlessse para agora mandar uma dezenas delas um ano depois da deflagração da Covid seria em atendimento a um pedido sem conotações políticas durante o ato. Somente no interesse da comunidade. Ou seja, os deputados não teriam pedido antes ou o governador o tivesse ignorado.

Um tiro no pé: a partir destes pressupostos, o governador teria esperado uma movimentação de rua da população, depois de 131 óbitos e 6912 contaminados em 12 meses. E os supostos pedidos de sete!!! parlamentares de sua base, mais o seu vice-governador. Todos portuenses.

Mesmo batendo ponto no legislativos sete deputados da cidade (e o vice-governador), dentre eles o presidente do poder Legislativo estadual com receitas mensais da ordem de R$ 100 mil (entre salários, indenizações, representação  e cargos)

Mas o dia não terminou só nisso. O presidente da Assembléia, deputado Antônio Andrade, fez circular também ontem um press-release em que lá pelas tantas informa isso:

“Antonio Andrade vem ao longo dos últimos anos cobrando sistematicamente a implantação de leitos de UTI em Porto Nacional. Os pedidos foram feitos, por meio de requerimentos, em novembro/2009, março/2012, junho/2015, maio/2018, desde o início da pandemia a cobranças por essas unidades se intensificaram.”

As UTIs cobradas são da Covid-19 que tem um ano matando no Estado. Ademais,de todos estes governos aí Antônio Andrade foi aliado (Carlos Gaguim, Siqueira, Marcelo e Carlesse). A forma do pedido (requerimento) poderia demonstrar a um só tempo força política e vontades. Intuo mais desinteresse e vontade de não levar problemas ao governador ainda que empurrasse com a barriga os problemas da cidade, sua obrigação resolver e única razão por que fora eleito deputado.

Gurupi com seus 8.952 contaminados e 145 óbitos entrou a semana com 41 leitos de UTI. Porto Nacional, com 6.921 contaminados e 131 óbitos não tem nenhuma UTI. Espera estas 10 prometidas para amanhã que não procedem diretamente do Palácio.

Vamos mais longe: Araguaína tem 68 UTIs Covid-19. A cidade tem apenas três vezes mais a populaçao de Porto (que ainda não tem nenhuma apesar de prometidas desde agosto do ano passado) e em Porto são registrados 28% dos contaminados e 40% do total de óbitos daquela cidade do Norte do Estado.

Uma ajuda ao raciocínio dos deputados portuenses: Porto (ainda sem UTIs)  tem hoje 77,7% dos casos de Gurupi (41 UTIs) e 94,3% dos óbitos daquela cidade. Comparando com Palmas, que tem  55 UTIs e Porto ainda nenhuma, a cidade dos deputados (e dos portuenses) tem 53 mil habitantes. Ou seja um sexto da população da Capital e tem 18.9% (um quinto) dos contaminados de Palmas. e 32,9 % dos óbitos registrados na cidade administrada por Cínthia Ribeiro.

Não se tem conhecimento de deputados fazendo requerimentos para evitar mortes.

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