Os vereadores podem aprovar o reajuste da tarifa de transporte coletivo em Palmas. Discute-se um valor: R$ 3,99. Uma piada com o usuário. Financeiramente (a não ser pela escala) R$ 3,99, na prática, são R$ 4,00.

Aprovado este reajuste, Palmas estará inserida dentre as dez maiores tarifas de transporte coletivo das capitais. Terá avançado sete posições a partir da 17ª colocação que ocupa atualmente. Só terá tarifa menor que São Paulo, Belo Horizonte, Florianópolis, Porto Alegre, Curitiba, Cuiabá, Aracaju, Goiania e Rio de Janeiro.

Os empresários do transporte, regra geral, tem, de algum modo e forma, ascendência sobre os integrantes do conselho que aprova a proposta. A maioria é ligada à prefeitura ou aos empresários. Se a prefeita indicar um lado, será este a prevalecer.

Parlamentares da Câmara de Palmas buscam saídas para conter o reajuste. Na falta de disposição para discutir outras soluções ou objetar os empresários, propõem o de sempre: incentivos fiscais e subsídios.  Como se as renúncias fiscais e subsídios não estivessem embutidos no custo do contribuinte. O usuário pagaria de forma indireta.

Os empresários sustentam o aumento de custos. Outra falácia. De 2009 a 2019 (para termos de comparação) a tarifa de transporte coletivo (caso aprovados os R$ 3,99) terá registrado um reajuste de 99,5% (contra os R$ 2,00/2009).

No período, a inflação oficial ficou na casa dos 58,54%. Significa que os empresários do transporte coletivo de Palmas tiveram, em dez anos, um faturamento real de 69,9% (descontada a inflação). Um crescimento de 40 pontos percentuais acima da inflação. Inflação, aliás, já contabilizada nos preços dos insumos do setor.

Por outro lado, o governo do Estado concedeu (conforme as LDOs do período) isenções no óleo combustível que se elevam a R$ 600 milhões de 2009 a 2019 (previsão da LDO/2019 é de R$ 114 milhões). Uma média de R$ 60 milhões/ano. Ainda que este benefício atenda também outros tipos de transporte, é renúncia de arrecadação.

Eles esgrimem, recorrentemente  renovação da frota, melhoria de serviços e as passagens gratuitas por lei. Ora, a renovação da frota e melhoria da qualidade dos serviços são obrigação do prestador e pelo qual é muito bem remunerado como comprova a relação inflação/correção do preço. O contrário seria além da população conferir esse lucro real de quase 70% em dez anos e ainda bancar a renovação da frota.

Já as passagens gratuitas, a própria associação nacional das empresas de transporte urbano estima em 1% o crescimento do beneficio anualmente.Ou seja, em Palmas, seriam 10% no período e que descontado da correção aplicada, restariam ainda 60% de lucro acima da inflação.

Mas a turma não está nem aí. Daqui a dois anos termina a concessão concedida em 92 numa licitação marota que acompanhei de perto na redação do Jornal do Tocantins. Concessão que poderá ser estendida por mais 20 anos. Ou seja: até 2042. De outro modo: as quatro empresas podem ficar 50 anos com o monopólio do setor. Como se nota, a venda já  está aberta com preço e produto no balcão

 

Deixe seu comentário:

Ponto Cartesiano

Caiu como uma bomba no governo estudo realizado pela Firjan (divulgado pelo Metropoles no domingo) de que apenas quatro dos 27 Estados fechariam 2024 no azul. Ou seja, sem d&e...

Recheados de símbolos e intenções transversais os discursos do senador Eduardo Gomes e do governador Wanderlei Barbosa no sábado, a tomar as dec...

A jornalista e pré-candidata a prefeita, Roberta Tum (PCdoB) fez ontem uma resenha dos últimos dias. Assino embaixo. Só faço uma anota&cced...