Quando o perito criminalista Fortunato Badan Palhares veio ao Estado no início dos anos 90 numa dessas ações revisionistas de historiadores, antropólogos e familiares de desaparecidos para a exumação de ossadas de supostos cadáveres de guerrilheiros num cemitério de Xambioá, (com reportagens magníficas dos jornalistas Marcelo Silva e Marli Santos neste Jornal do Tocantins) o clima da redação me levara (como ainda hoje me transporta) ao início dos anos 70.
Época em que o aeroporto de Porto Nacional serviu de base para transbordo dos corpos daqueles guerrilheiros mortos. Quase sempre ao meio do dia, os cargueiros da FAB ali aterrissavam trazendo os corpos daqueles que ilustravam cartazes de fundo amarelo encimados por fotografias P&B e letras garrafais: Terroristas Procurados. Do mercado ao próstíbulo.
Estudava na Escola Dom Domingos Carrerot que na inauguração recebeu placa com o nome do general Emílio Garrastazu Médici e do governador goiano Ribas Junior, um marechal governador e Médici escolhido pela Junta Militar que governava o país, para substituir outro general, Costa e Silva. Médici viria a ser o presidente mais sanguinário da ditadura militar que eclodiu em 31 de março de 1.964.
Ao seu governo são atribuídas (CNV) 434 mortes ou políticos desaparecidos. No seu governo, jovens portuenses foram presos pela Polícia Federal, levados para não sei onde (alguns no 10º BC em Goiânia) presos sem comunicação com suas famílias. Outros mais tarde conseguiram exilar-se fora do pais. Mas há aqueles que, sem que os militares conseguissem apontar seus crimes, por aqui ficaram com suas cicatrizes no corpo e na alma.
Castelo Branco, o primeiro presidente do golpe, já passara por Porto onde teve com o bispo Don Alano Marie de Noday, a referência política de então na Amazônia
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