O Partido dos Trabalhadores, tudo indica, conseguiu viabilizar uma unidade interna e convergir para duas decisões relevantes: 1) candidatura própria ao governo em 2022 e 2) escolher, desde já, o ex-deputado Paulo Mourão para encabeçar a chapa majoritária. São duas deliberações de uma só vez o que faz demonstrar a determinação e qualidade da escolha. Ainda que deixasse vago outro cargo da majoritária, o de senador, uma vaga em disputa no próximo ano.

O endosso da Executiva nacional, do diretório regional e de Lula às duas deliberações (com a assinatura do Secretário Nacional de Assuntos Internacionais da legenda e uma representante do comando nacional) representa, nas atuais circunstâncias políticas e eleitorais, mais que um simples exercício de democracia interna.

 Uma convocatória da militância em torno do projeto definido que já tem até mesmo discussão quanto a estratégia de campanha com a contratação de marqueteiro de projeção nacional. E que terá, por certo, dificuldades para incutir na população a proposta de divisão do Estado em treze territórios administrativos, como apontou ontem o pré-candidato.

Muitos candidatos já fizeram a mesma proposta de divisão administrativa do Estado. O novo e peculiar é o número de 13 do PT, uma mistura de Estado com partido, semelhante ao jardim em formato de estrela vermelha que Dona Marisa Letícia plantou no quintal do Palácio da Alvorada no primeiro governo Lula. Uma provocação que pode até ser inconsciente, mas desnecessária. Se fosse o Solidariedade, por exemplo, o partido e não o PT, pela regra explícita anunciada ontem, ter-se-ia 77 regiões administrativas num Estado de 139 municípios.

Do ponto de vista político, a antecipação do candidato e candidatura, a um ano do prazo de convenções e registros, sugere o raciocínio de que o PT quer também antecipar-se a outras candidaturas e candidatos com gênese anti-bolsonarista. Uma plataforma que pode emergir tanto em setores de esquerda quanto de direita.

As eleições de 2022 podem ser plebiscitárias. No Estado, Lula teria dificuldades em apoiar Eduardo Gomes, Mauro Carlesse (dada a aproximação de ambos com Jair Bolsonaro) ou Carlos Amastha. Haveria uma janela com Kátia Abreu mas a senadora é presidente regional do PP, comandado por Ciro Nogueira, da base de Jair Bolsonaro. E Irajá Abreu, do PSD, tem compromisso com Gilberto Kassab que defende a candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Além do lapso temporal, o PT tem a seu favor ainda os recursos do fundo eleitoral e o horário de propaganda de rádio e TV. Com a maior bancada de deputados federais na Câmara dos Deputados (56) recebe o maior quinhão das verbas e do horário partidário. E, claro, um candidato com o perfil de Paulo Mourão: ex-presidente da Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados (entendido sobre finanças, orçamento e questões fiscais), ex-prefeito bem sucedido de Porto Nacional, ex-secretário estadual e ex-deputado estadual.

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Ponto Cartesiano

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