A Prefeitura de Pium divulga, na celebração dos 70 anos de emancipação, homenagens a Teotônio Segurado, Siqueira Campos e Trajano Coelho Neto. Serão três estátuas que teriam custado R$ 225 mil captados (conforme o prefeito) na iniciativa privada. As três homenagens são merecidas.

Aliás, Siqueira mereceria, avalio, maior reconhecimento. Apesar de parte de sua narrativa apresentar-se mais política do que técnica e modificar, certo modo, a história de criação do Estado, é, reconhecidamente, elemento fundamental na implantação do Tocantins e criação e implantação de Palmas.

E, como me dizia o ex-deputado e ex-secretário Brito Miranda, foi a melhor opção dos eleitores do que se a população tivesse eleito como primeiro governador (em 88) o então deputado federal emedebista José Freire; O próprio comitê de criação do Estado avaliou que entre Siqueira e Freire, o ex-governador seria um  mal menor. Siqueira terminou sendo a melhor solução e o Estado está aí. Há ainda integrantes daquele comitê vivinhos da silva por aí

O ex-vice-governador e ex-deputado federal Darci Coelho (que foi presidente daquele comitê e entregou as assinaturas a Ulisses Guimarães) conta muitas histórias daqueles anos que antecederam a votação na Constituinte. O papel relevante de homens que foram simplesmente relegados da história da criação do Estado.

É, assim, sempre temeroso (e até arriscado pela possibilidade do cometimento de injustiças) criticar honras merecidas ou imerecidas.

Os deputados do Estado, por exemplo, já homenagearam Jair Bolsonaro quando o ex-presidente, dia sim outro também, ameaçava um golpe no país que, por pura lógica, fecharia o parlamento. E que culminou com o 8 de janeiro.

Na Praça dos Girassóis um Memorial faz homenagens (com dinheiro público) ao ditador esquerdista Luis Carlos Prestes, não só defensor defensor mas operário militar do ditador Josef Stalin (que eliminou milhões de adversários políticos e ideológicos na ex-URSS).

O mesmo Prestes que, fracassado na sua Coluna e na intentona comunista, aderiu a outro ditador, Getúlio Vargas. Divide Prestes a Praça dos Poderes do Estado com uma homenagem (estátuas) dos 18 do Forte de Copacabana. Tenentes que tentaram dar um golpe no presidente Arthur Bernardes, eleito pelo voto

Mas a homenagem está ali fincada por um governo que se dizia da livre iniciativa e justiça social e comandado por um político de direita apoiador do regime militar.

Retomando Teotônio, Siqueira e Trajano, são homens importantes para o seu tempo. Muito embora sejam sujeitos de narrativas diversas.

Siqueira é tido como o criador do Estado quando na Constituinte haviam oito deputados federais e três senadores tocantinenses. E, claro, 81 senadores e 513 deputados federais que o aprovaram. E o projeto só foi adiante pela autorização unânime dos deputados goianos e apoiado por cerca de cem mil assinaturas de nortistas. Uma luta de séculos.

Teotônio é tratado como defensor ideológico da autonomia do Estado. Falta aos historiadores explicarem como um empresário (e advogado) português seria contra a independência do Brasil (como ele o era) e, ao mesmo tempo, defensor da libertação do ex-Norte de Goiás. Seríamos uma ilha portuguesa cercada de Brasis por todos os lados.

Tanto o historiador Otávio Barros quanto o Padre Luis Palacin são unânimes em afirmarem que Teotônio, na verdade, queria mesmo era manter os negócios entre o ex-Norte de Goiás e a coroa portuguesa (era um comerciante como tantos outros). Sem dividir com os coronéis goianos a via hidroviária do rio Tocantins até o porto de Belém (PA).

De igual forma, Trajano Coelho Neto era um comerciante em Pium. E que tinha, também, um periódico: Ecos do Tocantins. Um dos seus colaboradores era o meu avô, jornalista Ananias Pinto (que escrevia também o jornal A Norma, com o linotipista João Quinaud), e ajudava Catão Maranhão no seu A Tarde (Carolina/MA). Dois instrumentos na luta de divisão do Estado na primeira metade do século XX. Aliás, naquela época Carolina se considerava tocantinense.

Mas ali mesmo em Pium, tangencia-se a história do maior escritor do Estado (um dos mais renomados do país), Eli Brasiliense (considerado o maior romancista goiano), que escreveu Pium, uma história fincada nos garimpos de cristal de rocha da cidade.

E tantos outros renomados romances como Chão Vermelho, Rio Turuna, Uma sombra no fundo do rio, Bom Jesus do Pontal... O nosso Guimarães Rosa tocantinense. Era natural de Porto Nacional (nascido numa casinha que conheci em frente à Catedral Nossa Senhora das Mercês) e o entrevistei no início dos anos 90 quando era lembrado como "o sertanejo que falavra francês

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