O produtor rural Paulo Carneiro foi reeleito presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado ontem. Ele assumiu o lugar de Kátia Abreu cujo mandato terminaria este ano, mas que controla a entidade praticamente desde 95, com apenas uma interrupção de percurso. É inegável sua participação para o crescimento do setor no Estado.

Certificada pelo voto democrático, jogo jogado, tá valendo de forma legítima, não há o que se opor aos processos que seguiram o rito democrático. Se outorgaram-lhe mandatos e poder político por três décadas o fizeram por escolha da categoria. O resto é choro de perdedor.

Já Paulo Carneiro, se teve uma eleição tranquila posto com chapa única (o que só reforça o consenso da categoria por seu nome), o processo eleitoral, entretanto, guardou divergências políticas mais exógenas que endógenas.

Paulo, com efeito, tem conseguido quebrar as resistências sindicalistas internas erguidas na sua indicação pela senadora Kátia Abreu lá atrás, com seu jeitão mineiro-tocantinense. Administrativamente, tem feito o dever de casa. Avançou politicamente, pelo que se nota.

Kátia, entretanto, tentou impor a derrota (e reeleição) não ao desempenho da oposição na entidade ou às virtudes do vencedor, mas ao governador Mauro Carlesse que pregou não ter credibilidade. E que o Governador deveria se dedicar a governar o Estado e não se meter no que não é da sua conta.

De outro modo: se o governador conseguisse lá (no governo) o desempenho que obteve na disputa na FAET, você já viu, não é!! onde iria o Estado atendida a conexão estabelecida implicitamente pela parlamentar.Não importaria que oss indicadores fiscais do Estado demonstrassem, neste sentido,  justamente o contrário. É democrático  na política no entanto ter pontos de vista diferentes.

Ainda que se saiba, a priori,  não desejar a Senadora o mal desempenho da administração pública para a população do Estado. E que, por senso comum, bom senso e similitude de princípios morais, éticos e políticos, se aplicaria, também a priori, ao governador do Estado. No popular: a Francisco o que se dá a Chico.

A conexão que faz a Senadora é sustentada, intui-se, pela tentativa do presidente da Adapec, Paulo Lima, nomeado por Carlesse, de candidatar-se contra Paulo Carneiro. Lima foi assessor de Kátia (e chegou a assumir a Presidência da FAET) por duas décadas e meia, sempre, por escolha da parlamentar. Rachou  com Kátia em função de críticas ao filho (prefeito de Alvorada que apoiou Carlesse na campanha de 2018) e este ano foi convidado a assumir a Adapec.

No mérito, a Senadora não é despida de razão nos seus fundamentos. As entidades corporativas se movimentam também por ingerências políticas e de governos. Ela própria, Kátia Abreu, foi eleita presidente do Sindicato Rural de Gurupi (sua primeira disputa política) com o apoio indiscutível do então governador Siqueira Campos contra o adversário peemedebista João Cruz que tinha seu candidato.

Mais tarde, o mesmo Siqueira seria responsável (apoio logístico,estrutura de governo, poder politico) direto pela eleição da hoje parlamentar contra o então presidente da Federação, Milton Franco, que tinha o apoio do MDB. Do imbróglio, Kátia foi a maior beneficiária porque elegeu-se presidente da entidade onde, passados quase três décadas, ainda tem poder político.

Uma liderança mantida a muita resistência política. Ou já passaram borracha nas  prometidas emendas parlamentares do governo Carlos Gaguim para reeleger Junior Marcola, um ex-aliado de Kátia contra a Senadora. Ou as emendas do governo Marcelo Miranda em favor de Nasser Iunes contra a mesma Kátia. E Kátia está aí desde 95!! Todos em dado momento aliados da parlamentar como em outros, desafetos.

Na tese de hoje de Kátia contra Mauro Carlesse seria ilegítima a ação de Siqueira que a catapultou não só à Federação da Agricultura mas à política à época de igual forma seria legítimo o seu então adversário apontar como ilegítima a ação de Siqueira e o mandasse cuidar de sua obrigação.

É, portanto,  um paradoxo, a chiadeira da parlamentar, é!!! Ela própria acusada pelos produtores (em nível nacional) de atrelar a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (que presidia) ao governo petista de Dilma Roussef de que foi ministra e, por tal, viabilizou planos safra recordes e o código florestal. Não deu cola, colar MST (que invadia grandes propriedades), PT e o agronegócio. Ideologia pura sobrepondo-se ao pragmatismo.

 O cisma, entretanto, provocou um racha nacional e o agronegócio foi (capitaneado por Bahia e São Paulo) quase que por inteiro para Jair Bolsonaro. Sem antes retirar Kátia da cadeira de presidente para ali colocar o vice, um dos primeiros defensores do atual presidente da República. Outro paradoxo da categoria.

E o mordomo é Mauro Carlesse.

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