O anúncio ontem do Ministério da Economia de superávit na balança comercial de US$ 61 bilhões/ R$ 334 bilhões (exportações menos importações) em 2021 seria ótimo não fossem as 164 milhões de pessoas elegíveis (76,9% da população brasileira) ao auxílio emergencial/auxílio Brasil (Ministério da Cidadania desta terça) no país em igual período e que são jogados em paralelo a escancarada depreciação do real em favor do dólar.

Ao largo da apreciação do poder público federal (estaduais, municipais e legislativos) o crescimento das exportações (pagas em dólar) de 34% (em relação a 2020), elevando-se a US$ 280 bilhões/ R$ 1 trilhão e 582 bilhões) e de 38,2% nas importações (US$ 219,39 bilhões/R$ 1 trilhão e 238 bilhões), observando as 78 milhões de pessoas (daquelas 164 milhões elegíveis) que precisaram (e receberam) do auxílio emergencial no ano, que equivaleria a 35% da população, dá mostras aparentemente de ser desprezível. No que relativiza as pessoas (finalidade do Estado) em favor do rentismo da produção.

Muito explícito na observação de outros números divulgados ontem no mesmo balanço do Ministério da Economia: crescimento de preços (28,3%) e quantidades exportadas (3,5%). De outro modo: o país exportou menos mas ganhou mais. Ou seja, porporcionou uma inversão nas leis de mercado do agronegócio, por exemplo, em que, até hoje, maior ganho estaria relacionado em aumento de produtividade.

Como o dolarização da economia é tratada pelo governo federal como um dogma, que não poderia ser alterado no mercado interno (uma falácia porque a política cambial é de competência do governo), uns poucos ganham bilhões para os muitos (164 milhões de elegíveis na pobreza) e os felizardos 78 milhões que receberam auxílio do outro lado da tabela.

Destes (conforme o Ministério da Cidadania) 18,3 milhões de pessoas receberam no Brasil em 2021 auxílio de R$ 150,00. No auxílio por família, 12,6 milhões de lares receberam o de R$ 250,00. Como pelo IBGE a família média de quatro pessoas, 48,4 milhões de sobreviventes no Brasil tiveram R$ 62,5 mensais para viver.

Convivendo com essa fartura anual de balança comercial de R$ 3,7 trilhões entre importação e exportação. Destes, a produção de soja apresentou crescimento de 35,3% dos 22,2% de ganho do agronegócio no ano.

No Tocantins, dados atualizados até novembro (divulgou-se ontem apenas o nacional) tinha exportado R$ 9,954 bilhões (dólar de hoje) e importado R$ 3,1 bilhões). Uma balança comercial (em reais) de R$ 13 bilhões).

Esse pessoal recebeu no Tocantins (os frigoríficos) redução de alíquota de ICMS na semana passada.para 2% e 1% (já não pagam para exportar).

Enquanto a turma dos auxílios paga 27% de ICMS na energia e 25% nos combustíveis no Tocantins (gasolina a R$ 7,00 ou até R$ 8,00), o país registrou crescimento de 43,7% nas exportações de......combustíveis.

No Tocantins, neste cozidão indigesto, o Estado  convivia com 1,278 milhões de elegíveis ao bolsa família/auxílio Brasil. Destes 108.498 com renda per capita familiar de até R$ 89,00 meisais, 39.059 com renda per capita familiar entre R$ 89,01 e R$ 178,00 87.819 com renda per capita familiar entre R$ 178,01 e meio salário mínimo.

Sem contar os sem renda nenhuma. O saldo da balança comercial é bom para a economia, mas deveria sê-lo também para a população que o sustenta.

Muitos deles, o governador  Wanderlei Barbosa deve estar revendo nestes dias. Especialmente no Bico do Papagaio.

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