A mensagem lunática de fim de ano de Mauro Carlesse à população do Estado nas redes sociais, como se estivesse no cargo de governador e não afastado pelo Superior Tribunal de Justiça, indiferente, ainda, ao processo de impeachment no Legislativo, definiu, com pouca margem de erro político, a candidatura de Wanderlei Barbosa à reeleição. E no cargo.

Na proporção em que o governador afastado desgarra-se da realidade como se a população padecesse de idiotia coletiva, Wanderlei consolida, na prática, uma efetividade, com medidas administrativas que, se podem ser questionadas, dão-lhe, por outro lado, um caráter de continuidade administrativa, um gestor ativo, com o uso de modo diferente, sem as desconfianças que pairavam sobre o governo afastado, que se torna, a cada dia, efêmero.

Politicamente, o surreal de Mauro Carlesse no final do ano de dizer-se ainda governador – ao mesmo tempo em que se deslocava para não ser notificado pelo Legislativo – era, por si só, uma impossibilidade lógica, já que domicílios de governadores, além de suas residências, são também os palácios administrativos. Pela tese, não estaria trabalhando, por não encontrado.

E Mauro Carlesse é um governador afastado. Como as palavras tem sentido, não governaria. E se não governa, não é o governador. Ainda que a Justiça devolva-lhe o cargo, politicamente não reuniria mais condições para administrar o governo, fazer pactos, impulsionar lideranças, realizar escolhas já que estas dependem de conversações e acordos que exigem segurança jurídica e política. Ou seja, estaria coberto de legalidade, mas não reuniria mais legitimidade. Governador é um cargo de representação política.

Dizendo-se dentro, Mauro Carlesse apontou, na verdade, que estaria fora. Não à toa, tem, no afastamento, ficado sozinho politicamente, isolado, por certo, pela desenvoltura de Wanderlei Barbosa no comando político e administrativo do governo.

É situação consolidada. O problema de Wanderlei agora está do outro lado: se o senador Eduardo Gomes decidir-se pela candidatura ao governo, não terá as mesmas facilidades que os governistas enxergam numa disputa com Paulo Mourão ou outro candidato.

E tudo indica que deixar passar a possibilidade de disputar o governo na metade do mandato de senador não estaria sendo cogitado por Eduardo Gomes. Uma mudança requereria muito esforço político de Wanderlei Barbosa para tê-lo, até porque Gomes não teria cargos a disputar este ano que não o de governador.

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