O tango No Mar Negro, de Georges Boulanger, embalou-me na adolescência todos os dias às 20h30. E entendo que a muita gente também. Era o prefixo e sufixo do Cine Rios. Demarcava o final da programação que precedia a projeção dos filmes e o início da sessão de cinema.

Um tango quase uma marcha fúnebre, melancólico mas empolgante. Uma melodia de amor e paixão, diferente da música que embalava, na época de sua criação, os alemães mandando judeus para os fornos nos campos de concentração nazista como Sobibor, retratado no filme Fuga de Sobibor, de Jack Gold, adaptado do livro Richard Rashke.

Indiferentes à morfologia, o víamos, aquele tango, apenas por um ponto: o antes, o princípio, o prefixo. Poderia até naquela época na cidade de Porto Nacional ser o sinal de que havia terminado a missa dos domingos dos sermões de Padre Antônio Luiz Maia ou Dom Celso (os então artistas do clero).

Era um aviso. Não havia redes sociais e Santa Aires ficava lá da bilheteria – com o companheiro comunista e escritor Adauto Cordeiro Cavalcante - aguardando a procissão de gente deixar a igreja e seguir a pés à Praça do Centenário. Ateu, Adauto não ligava para a missa e, portanto, não precisava também ficar de olho no padre.

E assim era. Afinal, importávamos mais com o filme que com os sermões. E era ele que esperávamos que se iniciasse. De preferência que Santa Aires – proprietária do cinema -  alugasse um spaghetti italiano ou faroeste americano. Não enxergávamos diferenças entre o cowboy norte americano, o mocinho lutando contra as injustiças e os tiros sem narrativa dos italianos.

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