A morte prematura da triatleta Ludmilla Barbosa de Oliveira na madrugada desta terça mexe com a população da capital como no falecimento do médico Pedro Caldas. Ambos atletas e os dois vitimados quando praticavam atividade esportiva de que mais gostavam.

Uma morte que atinge as famílias porque, ambos, deixaram filhos menores, ainda crianças. E com vidas interrompidas por acidentes brutais que poderiam ser evitados. Ambos com uma vida inteira pela frente.

Pedro Caldas, se a motorista não dirigisse embriagada (conforme a denúncia) e Ludmilla, se a atenção dos bombeiros tivesse sido exercitada conforme os treinamentos pelos quais são obrigados a passar.

Ou se a direção da prova tivesse o bom senso de cancelá-la ou adiá-la dadas as condições meteorológicas e a possibilidade concreta de alteração, como é recorrente e perfeitamente previsível em função do vento/ar quente entre uma serra e um espelho dágua de tal dimensão.

Sempre se poderá dizer do acaso, mesmo que tantas variantes colocadas estivessem a demonstrar que o acaso ali não estivesse, fazendo emergir responsabilidades eventuais por mortes tão brutais quanto desnecessárias e preveníveis.

Nem o arrependimento da motorista ou o lamento dos bombeiros e dos organizadores da prova irão trazê-los de volta. Ou acalmar os corações de tantos que com os dois conviveram ou compartilharam com eles algum sentimento.

Como tantos, a morte de ambos atingiu em cheio nosso círculo de relacionamentos pessoais (e a maioria da população). Pedro Caldas, conheci a sua esposa (e pais) ainda quando encontrava-se na UTI. Uma de suas filhas tem o mesmo nome de minha filha. Lis frequentava o condomínio onde a família morava porque tinha ali uma coleguinha de escola. Padecemos juntos por meses como se da família fôssemos.

Com Ludmilla é mais direto: há dois anos Lis estuda com um de seus filhos. Mesma escola, mesma sala de aula, mesmas reuniões festivas, mesmos encontros. E agora mesma dor pela qual Lis também passa com a perda, levando-nos também ao mesmo sentimento. Há dois dias Lis chora pelo acidente. Agora tenho que informá-la também da morte da mãe de seu coleguinha. Como explicar-lhes a fatalidade e o sentido da vida e da morte? Hoje vivo, amanhã, morto!

Nada preencherá essa lacuna. Resta esperar que suas mortes não tenham sido em vão e que provoque reflexões necessárias capazes de evitar novas perdas por situações seguramente possíveis de serem prevenidas. E que continuam ocorrendo por irresponsabilidades ou falta de atenção.

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