A maioria da população do Estado (e do país) é honesta e o vê como virtude em desfavor do vício. Muitos (55% da população do Estado, conforme o BID) come o pão que asmadu amassou e passa ao largo dos R$ 11 bilhões (do orçamento do governo), dos cerca de R$ 300 milhões (de emendas federais), dos R$ 10 bilhões das exportações da carne e da soja e do Pibão de R$ 44 bilhões (previsão LDO 2022).

É razoável supor que apoiem as ações das polícias (federal e estadual), Ministérios Públicos (federal e estaduais) e Justiça (federal e estaduais) no combate à ratazana que se enriquece retirando dinheiro daqueles mais de 302 mil que receberam auxílio emergencial em 2021 no Estado (18,80% da população) ou as 122 mil famílias (488 mil pessoas pelo IBGE) que dependeram do Bolsa Família no Estado todo mês no ano passado. Dados públicos do Ministério da Cidadania.

O problema é modo de atuação das instituições. A semana começa com correta reportagem do jornalista Lailton Costa (Jornal do Tocantins) sobre informação vazada das operações relacionadas ao inquérito contra Mauro Carlesse.O jornalista fez o certo: caiu na rede, o assunto rende, deu oportunidade às partes e fez o seu papel.

O crime (e a inteligência burra) é do servidor público que vazou os documentos sem comprovação de ligação com suposto crime que sugerem. E nesta situação não há santos. 

Não precisa ser o suprassumo da inteligência para ter-se a origem das informações, a falta de sustentação da denúncia dos policiais e, com isto, a sua finalidade que aponta para tudo, menos à necessidade processual.

A razão indicaria que o resultado de uma boa investigação dependeria de sigilo de ações e documentos para não beneficiar aos investigados a depreciação ou incineração de provas, no que a exposição pública oferece oportunidade.

Ela é exposta quando nos corredores já se amplifica uma nova operação  sobre supostos escândalos da cesta básica esta semana, envolvendo parlamentares, do qual o vazamento seria, avalia-se, movimento meramente preparatório.

No meio policial, a meta perseguida seria não deixar Mauro Carlesse retornar ao cargo. Com impeachment ou sem impeachment. Pressão no STJ e na população.

De outro modo: as ações midiáticas das instituições tendem a criminalizar a política e não os ladrões que, por lógico, aproveitam-se das “vaidades lavajatistas” e da "boa fé" no justiçamento dos policiais para apontar o óbvio.

É o caso da espécie de denúncia vazada no Jornal do Tocantins. Misturam Carlos Amastha com deputados, Mauro Carlesse fundados tão somente nas prostitutas das provas (testemunha/delação), relação de nomes, num cruzamento de planilhas eleitorais (contas aprovadas pela Justiça Eleitoral) e mandam bala no método indutivo/dedutivo: tudo junto e misturado. Corre o risco do "rolé" dar mais errado do que certo, dependendo do referencial.

Só pra você raciocinar: o processo de Mauro Carlesse tramita na Justiça comum (STJ). Ali é investigado crime de improbidade, lavagem de dinheiro e que tais. Ora, se os policiais que o investigam enxergam  (como foi vazado no JTO) a planilha eleitoral/Servir (como vai na reportagem) apontando os desvios nas eleiçoes de 2018 (marco temporal das investigações nas operações contra Mauro Carlesse no STJ) e fazem conexão dela com o Servir (no STJ), o processo não seria mais da alçada do STJ e sim do TSE porque o crime eleitoral (conforme jurisprudência do STF) atrai o processo sobre  crime comum (improbidade).

Ou seja, o STJ seria incompetente para processar e julgar tanto Mauro Carlesse quanto Carlos Amastha e políticos. Uma arguição dessas não seria implausível de ser aceita pelo STF, causando efeito contrário ao desejado: o retorno de Carlesse ao cargo. Lembram-se do caso de Marcelo Miranda que o STF mandou o processo para a  Justiça Eleitoral, tudo começando do zero? Entenderam? Tudo pela ligação eleitoral apontada pela própria PF e MPF?

Mas eles não ligam para isto. Há um alvo parado (os políticos) e tem uma metralhadora ambulante a mirar-lhes sem mira adequada. Um vazamento destes sem qualquer investigação que o comprove é uma ilegalidade e um crime tão grave quanto aos praticados por aqueles investigados.

Tudo se repete. Até a impunidade dos ladrões favorecidos pela vaidade lavajatista.

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