O contorcionismo de um grupo de vereadores na Câmara, guiados pela presidente Janad Valcari, para desfazer o novelo em que se enrolaram expõe o grau de responsabilidade com que exercem suas funções provisórias delegadas pelo eleitor.

Depois de tudo que discursaram e fizeram atribuíram a menção de possibilidade do impeachment à própria prefeita sujeita ao afastamento. Os vereadores teriam inventado denúncias não comprovadas, protocolado-as no Ministério Público Federal contra a prefeita para justamente mantê-la no cargo. Um desperdício de esforço e dinheiro público.

Não é explicação que respeita a população. Antes a considera alienada e portadora de uma idiotia coletiva. É o caso de Janad ontem obrigando a vereadora Solange Duailibe a ler o que ela determinava, como se estivesse numa audiência e Solange fosse uma testemunha de defesa ou acusação. E não uma parlamentar com as mesmas prerrogativas de vereadora da presidente. Um manjado truque de rábula de saias. Solange lendo a parte, confirmaria o todo.

É como se a partir de uma premissa, por exemplo, que cerveja é feita de cevada (verdadeira) pudesse gerar uma conclusão de que não fizesse mal à saúde (falsa) só por ser feita de cevada. Um palavreado sem sentido cuja finalidade é só assustar e desconcertar o adversário. Não era. Os documentos expostos nos portais das transparências apontavam justamente o contrário. Documentos de livre acesso.

O sem-rumês de Janad e seu grupo tinha, porém, outros motivos: o distensionamento das relações entre Mauro Carlesse e Cínthia Ribeiro reduziu a utilidade da verborragia da presidente da Câmara Municipal para o grupo palaciano. O grupo, se agarrava-se a um sinal do Palácio, ficou sozinho na exata proporção em que proporcionou mais passivos que ativos ao governo. Denúncias não são coisa para amadores.

Uma retórica contraditória em função da ficha da própria Janad e seus negócios. E contraproducente já que, a partir da Constituição de 88, o Ministério Público e a Defensoria pública passaram a assumir este papel, ficando aos vereadores, na prática, a função de legislador. Trabalho que eles definitivamente não fazem: só de janeiro a outubro do ano passado (Observatório Social de Palmas), cada uma das 58 leis aprovadas pelos vereadores custou à população o equivalente a R$ 660 mil. Sendo que destas, apenas 38 foram de autoria dos vereadores.

Escrevem os técnicos do Observatório:

Do total de leis apravadas pela Câmara municipal de Palmas, 43% referem a amenidades com atribuição de nomes a logradouros, criação de datas comemorativas e concessão de títulos a pessoas ou entidades ou à própria gestão burocrática municipal.

Além disso, de cada dez projetos de Lei proposto pelos vereadores apenas duas são aprovadas e um dos principais motivos não observar o princípio da Legalidade e contrario as legislações vigentes.

De outro modo: Janad e seu grupo primeiro tem que consertar a própria casa. E mudar o linguajar já que não estão na cozinha de suas residências ou na beira de um rio qualquer.  São muito bem remunerados (R$12 mil de salários mais outro tanto de Codap) para agirem de forma civilizada e com decoro parlamentar que é inclusive, previsto no Regimento Interno. Contrariá-lo pode levar à cassação por metade mais um dos vereadores.. E que no linguajar popular significa sem palavrões e com bons modos.,

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