Os dados do Portal das Transparências ainda são provisórios mas dão mostras de como fecharam as contas do governo no  Tocantins no ano de 2021. E, certo modo, iluminam decisões governamentais.

Uma delas: o cancelamento do processo de concessão de áreas do governo no Jalapão fundado apenas nos interesses de operadores de turismo e militantes. E não na necessidade de Estado.

Enquanto a administração encerrou 2021 aplicando apenas 42% dos recursos previstos para investimentos no ano (4,5% das receitas executadas e 5% do orçamento previsto inicialmente), as chuvas fizeram (como o fazem ciclicamente) um estrago nas estradas que dão acesso ao parque.

A situação, tudo indica, não tem prazo para ser solucionada. Isto porque para o orçamento de 2022 o governo reajustou o orçamento de 2021 (R$ 1,315 bilhões) dos investimentos em apenas R$ 85 milhões, contra os R$ 395 milhões de recursos corrigidos para salários.

Há, como é possível notar, uma clara divergência entre o discurso e a prática, a retórica e o silêncio. E não por falta de grana. O governo (números provisórios, que se repita) fez uma previsão de receitas para 2021 de R$ 10 bilhões e 900 milhões. Fechou o ano com a entrada de R$ 12 bilhões e 157 milhões. Ou: R$ 1,2 bilhão a mais de receitas.

Na contramão desse desprezo por investimentos (recuperação de estradas dentre elas), o governo gastou com salários R$ 6,886 bilhões (empenhados), R$ 6,883 bilhões (liquidados) e R$ 6,738 bilhões pagos a servidores, contra uma autorização orçamentária de R$ 6,192 bilhões para o ano.

Ou seja, gastou R$ 694 milhões a mais que o determinado com pessoal (11,2%) contra os 58% a menos que o previsto para ser aplicado em investimentos que equacionariam o problema também do Jalapão.

E que se note: Wanderlei Barbosa tem pouco mais de dois meses de governo, não é responsável por toda execução orçamentária, mas foi decisivo no cancelamento da concessão que evitaria o comprometimento de receitas públicas que já não se aplica nas estradas. E daria certa logística à região.

Esse Estado aí é que, ao cancelar a concessão da área que previa, dentre outras coisas, o asfaltamento do acesso à região (investimentos de R$ 50 milhões), tomou para si, com a medida, a responsabilidade que já tinha e não cumpria e que pela prioridades em curso no orçamento continuará não executando.

Não por falta de recursos, mas de prioridades como revela a própria execução orçamentária do ano anterior.

Deixe seu comentário:

Ponto Cartesiano

Lembram-se daquele projeto de Zero Papel descrito aqui no blog há duas semanas como meta do governo com a utilização, pela Secretaria da Fazenda, do sistema Sf...

Os números são impressionantes. O contrato 040 (2024) – assinado em 25 de março e já empenhado – da Prefeitura de Peixe se compromissando a...

O Ministério Público fez publicar no seu Diário Eletrônico de ontem a Portaria de Instauração – Procedimento Preparatório 144...