A situação é especialmente complicada para o governo. Tanto do ponto de vista técnico quanto político e financeiro: na sexta o Jornal Nacional/Globo informava que havia sido registrado um crescimento de 170% na Covid-19 (óbitos) no Estado. Só menor que os 182% do Amazonas. Na mesma semana em que o secretário de Saúde, Edgar Tollini, concedia entrevistas informando justamente o contrário: o controle da pandemia no Estado.

Quando qualquer pensante e que saiba ler números não precisasse de maiores raciocínios para entender que não é bem assim. Esta foto aí de cima, de sexta, é simbólica: o Secretário de Saúde aparece de máscara. O Governador do Estado não. Duas realidades a exemplo da avaliação acerca do controle da pandemia.

A senadora Kátia Abreu, foi às redes para amplificar a situação: “Hoje houve aumento de 182% no número de casos de Covid no Amazonas. Tocantins vem em segundo lugar com mais de 170%. Informado no Jornal Nacional agora a noite. O que o governo do TO está fazendo em ações e com os mais de R$ 500 milhões que recebeu para o combate da Pandemia?"

O governador Mauro Carlesse, por outro lado, na sexta fiscalizava as 850 mil seringas em estoque (a foto aí de cima em ambiente fechado sem máscara). E o governo já teria feito licitação para mais 1,6 milhão de seringas. Uma providência relevante que garante pelo menos a primeira fase da vacinação de toda a população do Estado. Há Estados com falta de seringa.

Pela mesma Globo ontem, sábado, treze estados continuavam com alta nas mortes: MG, RJ, SP, GO, MT, AM, RR, TO, AL, PE, PI, RN e SE. Ontem os indicadores já eram menores e oscilam diariamente. O Estado, por exemplo, ficou muito tempo fora dessa lista. A sua inclusão, também, não é desprezível.

A variação se dá por números relativos. O poder público prefere falar dos absolutos porque não expressam, com fidelidade, grandeza e proporção de crescimento. Uma escolha política. Em números absolutos, foram 2.253 novos contaminados e 22 óbitos nos últimos quatro dias.

Diante deste quadro, se teve conhecimento na sexta que o governo atrasa há dois meses os pagamentos da empresa que contratou para o Hospital da Covid-19 na Capital (o ISA). E esta não estaria, por isto, pagando os salários dos médicos e técnicos que dão assistência aos pacientes. Como compraria os medicamentos não se sabe.

O Instituto de Saúde e Cidadania foi contratado por R$ 20,6 milhões (contrato aditivado em setembro) por seis meses. Uma prestação mensal de R$ 3,4 milhões. Contrato, portanto, finalizando. É provável que o governo necessite renová-lo. Ou contratar outra deixando os passivos para trás, tanto financeiro quanto político. Não é crível, entretanto, que assuma o risco.

Os R$ 20,6 milhões seriam apenas para a entidade (ISA) administrá-los (UTIs e leitos) e as despesas com medicamentos e servidores. São 60 leitos clínicos e 10 leitos UTI. O aluguel do Centro Oncológico (onde se faz o tratamento), entretanto, antecederia o contrato publicado, por R$ 570 mil mensais. Se atrasa um, deve atrasar o outro.

E o que reza o contrato publicado no Diário Oficial: o governo se obriga a cada dia 5 do mês a fazer o pagamento de 100% da primeira parcela (70% da parcela mensal) sem a necessidade da empresa apresentar notas fiscais ou qualquer outra exigência contratual. Os pagamentos são 70% até o dia 5 e os outros 30% até o dia 20 de cada mês. Pois é: a Secretaria de Saúde teria informado ao Jornal do Tocantins na sexta que estaria fazendo conferência de documentos. Dois meses depois.

No plano financeiro, o governo do Tocantins recebeu no ano passado em compensação às perdas da Covid-19 o equivalente a R$ 863 milhões (ajuda financeira, Pfec I e II). De acordo com o Instituto Fiscal do Senado o valor é R$ 342 milhões a mais que as perdas da Covid-19 no Estado.

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1 Comentário(s)

  • Gilson Cavalcante
    17/01/2021

    Boa análise, LaCosta. Os dividendos de uma política pública neste caso são os gestos humanitários e não os resultados a serem contabilizados eleitoral mente em 2022.

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